Archie Gottesman, que já adotou outros quatro cães de diversos países, estava de férias em Manaus quando conheceu Charlotte
Charlotte é um doce de cadelinha que sofreu nas ruas de Manaus por cerca de dois anos e meio até ontem. Porque hoje à noite chega em seu novo e amoroso lar, em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Cha, como carinhosamente a chama a bióloga e protetora animal Nete Moura, que a abrigou e cuidou de todo o trâmite de sua viagem, é protagonista de uma história de amor à primeira vista com sua adotante, a norte-americana Archie Gottesman, que começou no dia 11 de junho.
“Temos quatro outros cachorros, todos adotados nas ruas. As irmãs de Charlotte são Meg, Kat, Miriam e Maple. Maple e Miriam são de um abrigo de Jerusalém, em Israel. Kay era uma cachorrinha de rua que adotamos na Guatemala e Meg adotamos de um abrigo em Nova York”, conta Archie, que tem no marido Gary DeBode, voluntário em abrigo de animais abandonados há 25 anos, um companheiro fiel nessas paixões caninas avassaladoras de além mar. “Nós temos um grande quintal cercado para eles brincarem muito. Temos também três filhos humanos adultos que adoram animais”, diz Gary.
Para Archie e Gary só o amor pelo animal basta, nunca a raça nem a idade do animal. Nenhuma das irmãs de Charlotte foram adotadas bebês. “Adultos, vira-latas são sempre os últimos na fila de adoção. É o que mais temos nas ruas de Manaus, infelizmente. Cha teve muita, muita sorte, assim como seus filhotinhos”, diz Nete Moura.
A bióloga Nete Moura foi a responsável por cuidar de Charlotte e dos trâmites da viagem para os EUA (Foto: Jair Araújo)
À primeira vista
Pois Charlotte estava gravidíssima quando Archie a encontrou, na escada da frente do Hotel Tropical. Archie estava no Brasil a turismo, a convite de amigos biólogos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) para aprender mais sobre a floresta amazônica. Pede para agradecer na reportagem a Nete e outros amigos do Inpa: Rita Mesquita, Mario Cohn Saft e Zé Luis.
Charlotte, com a respiração ofegante e olhar pidão, encontrou os olhos compassivos de Archie. A norte-americana, que estava hospedada no Hotel, não resistiu: sem falar nada em português pediu com gestos a um taxista para levá-la com a cachorra a um pronto-socorro veterinário 24 horas, era de noite. Lá, fizeram o parto de cinco cachorrinhos saudáveis.
Uma amiga de Archie fez o contato com Nete Moura e ficou acertado que a norte-americana, que voltaria para os Estados Unidos um dia depois, pagaria todas as despesas de castração de Cha e dos filhotinhos e, se não fossem adotados, seriam também levados para os Estados Unidos junto com Charlotte.
Cha era chamada de Mel nas redondezas do Hotel Tropical, por onde perambulava, mas ganhou o nome francês da adotante. “Cha tem marcas pelo corpo como todo cachorrinho de rua adulto. Arranhões, marcas de dor. Agora tudo isso vai ficar para trás, vai ser amada e cuidada até o fim de sua vidinha”, disse Nete.
Além dos cinco filhotinhos, Cha foi mãe de leite de mais dois. Os sete foram adotados. “Todos foram adotados por famílias amorosas e adoráveis. Charlotte e seus bebês tiveram muita sorte”, disse a veterinária Adriana Oliveira, que castrou e cuidou de todas as adoções dos bebês.
Trâmites para viajar para os EUA
Aqui em Manaus Nete comprou a caixa de transporte e Cha seguiu para São Paulo. Lá ela recebe outra caixa de transporte, para voos mais longos, passa o dia inteiro e chega na madrugada no dia 17 em Nova Jersey. Para fazer o transporte de São Paulo até os Estados Unidos, Archie contratou a MMCargo, que tem a divisão Zoommpet que faz o transporte de animais internacionalmente.
“A pequena Charlotte ficará conosco em São Paulo até a hora do voo para os Estados Unidos. Nosso escritório tem um espaço adequado para animais, o que vai além de cachorros e gatos. No aeroporto, ela estará sob o cuidado da nossa equipe, onde será alimentada, hidratada e também irá passear pelo jardim do terminal de cargas, aonde relaxará da viagem e fará suas necessidades, supervisionada pela nossa equipe”, afirmou Vinícius Gabriel, auxiliar de comércio exterior da Zoommpet.
Os filhotes de Charlotte, que se não fossem adotados, seriam também levados para os EUA (Foto: Divulgação)
Questionado sobre notícias de fuga de animais em aeroportos, Vinícius disse que a empresa garante cem por centro a segurança. “Há trâmites de segurança em contínuo aperfeiçoamento para evitar fugas. Não só pela questão da fuga, mas pelo conforto do animal. Há marcas testadas e aprovadas pelo órgão competente IATA (Iata International Air Transport Association). E falando também em segurança é estritamente proibido a medicação dos animais, com sedativos e afins”, destacou Vinícius.
Para Nete Moura, o que diferencia a sorte de Charlotte de outros animais de rua é que ela foi adotada adulta. “O fato de ela ser adotada por alguém de outro país é diferente, é maravilhosos e que sirva para muitos de exemplo para deixarem de preconceito com animais de rua. Todos são iguais, os abandonados são loucos por amor e dão amor incondicional em troca. Cha merece a felicidade que vai ter, todos merecem”.
Fonte: http://www.acritica.com/channels/manaus/news/turista-se-apaixona-por-cadelinha-de-rua-em-manaus-e-a-leva-para-os-eua