Corpos de mãe e bebê mortos em maternidade devem ser sepultados em Fonte Boa

 

Mãe e filha estão sendo veladas em uma igreja próxima à residência da família, no Tarumã, zona oeste de Manaus. A família alega negligência médica

Bárbara Mitoso / redacao@diarioam.com.br

Manaus – Indignação, dor e saudade são os sentimentos que a família de Ila Arantes Fernandes, 35, sente desde o último sábado (16), quando recebeu a notícia de que ela e a bebê, que deveria nascer por esses dias, morreram na Maternidade Estadual Balbina Mestrinho.

Mãe e filha estão sendo veladas em uma igreja próxima à residência da família, na Rua Novo Paraíso, Comunidade Parque São Pedro, bairro Tarumã, zona oeste da capital. Segundo o ajudante de pedreiro Fábio Viana Barbosa, 35, marido de Ila, o velório atrasou porque houve demora na liberação dos corpos. “Além da negligência que acabou matando minha mulher e minha filha, parecia que não queriam liberar (os corpos) para o velório. O médico que atendeu minha mulher simplesmente não assinou o documento”, disse.

 

Ila Fernandes era indígena e morava em Manaus há mais de dez anos. Ela e a filha devem ser sepultadas no município de Fonte Boa (a 678 quilômetros a oeste de Manaus). Os corpos devem sair de Manaus por volta das 4h desta terça-feira (19).

A família chegou a fazer um protesto na noite de domingo (17) pedindo justiça e alegando negligência médica.

Os corpos de Ila e da filha devem sair de Manaus por volta das 4h desta terça-feira (19), rumo a Fonte Boa, no interior do Amazonas. (Foto: Alan Geisller/GDC)

Melita Viana Barbosa, 67, sogra de vítima, acompanhou a nora desde o momento da entrada dela no hospital, e disse ao GRUPO DIÁRIO DE COMUNICAÇÃO (GDC) que viu todo o sofrimento de Ila. “Eu insisti para que fizessem ‘uma’ ultrassom e a a bebê estava sentada e ela já estava sangrando. Na outra gravidez dela o bebê também estava sentado e logo fizeram uma cesariana, mas desta vez deixaram minha nora sangrando e só fizeram a cirurgia no outro dia,” relatou.

Ila estava grávida de oito meses. Segundo familiares, ela deu entrada na maternidade na noite da última quinta-feira (14), mas só teria sido atendida no final da tarde de sexta-feira (15), e o parto foi feito no sábado (16), por volta das 15h. A criança já nasceu morta e a mãe faleceu momentos depois do parto.

Ao receber a notícia do falecimento da mulher e da filha, o marido demonstrou revolta e foi contido por seguranças do hospital. Ila deixou três filhos: de 19, 17 e 7 anos.

O Caso foi registrado no 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP).

Nota Susam

Contrariando a informação da família, a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informou, por meio de nota, que Ila foi internada na maternidade por volta de 0h12 de sexta-feira (15) e não na quinta (14), como informou a família dela. Conforme a Susam, a mulher chegou à maternidade queixando-se de dor no baixo ventre e febre de seis dias.

A Susam informou que após ser internada, o quadro de Ila evoluiu com deslocamento prematuro de placenta e, durante cesariana, foi constatada a morte do bebê, por volta das 15h de sábado (16). Em seguida, conforme a Susam, Ila foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu, morrendo após três paradas cardíacas.

A Susam afirma, em nota, que vai abrir uma sindicância para apurar as circunstâncias do atendimento e as responsabilidades, caso seja constatada falhas nos procedimentos.

Fonte: http://d24am.com/

Bosco Cordeiro:
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