Em sua cadeira motorizada, Cleber Vaz complementa a renda da família fazendo entregas e inspirando pessoas pela cidade
Superação deveria ser o sobrenome de Cleber Vaz, de 39 anos. Pai, marido e filho, ele sustenta sua família com três crianças em casa fazendo entregas de aplicativos de delivery. Mas em que a história dele é diferente de tantas outras? Cleber é cadeirante!
Ele tem tanta força de vontade que a cadeira se tornou minúscula para tanta inspiração que carrega consigo por onde quer que vá, chegando até a “viralizar” na internet com o vídeo realizando entregas, que já soma mais de cinco milhões de visualizações.
Foto: acervo pessoal/divulgação
“Isso me tirou da depressão. Eu vivia em casa chorando porque tinha acabado de perder um sobrinho de 14 anos por conta de um tiro na porta de casa. Sem Deus na minha vida, eu não teria conseguido. Por isso eu digo que fazer entregas salvou a minha vida”, relata. Além disso, a situação financeira da família Vaz não esteve muito fácil nos últimos tempos.
“Eu já vendia bolo na rua com a minha esposa. Vendemos até hoje, bolo de macaxeira e milho, eu mesmo que faço. Tudo começou aí para eu querer ir atrás do kit. Me faltam oportunidades de emprego, já fui em muitos órgãos procurar ajuda, mas nunca recebi nenhum suporte. Já trabalhei como fiscal e auxiliar administrativo, tudo graças a Associação dos Deficientes Físicos, a Adefa, eles que conseguiram para mim, sou muito grato”, diz Cleber.
Evangélico, Cleber é diácono na Igreja Assembleia de Deus do Amazonas, compromisso esse que o ajudou a superar as mazelas da vida. Ele nem sempre esteve numa cadeira de rodas, o que o colocou nessa situação foram as sequelas de ter levado um tiro aos 21 anos de idade. Hoje, Cleber faz 17 anos numa cadeira de rodas.
“As coisas se tornaram mais difíceis, mas devido ao tempo que tenho na cadeira hoje vivo uma vida normal como qualquer outra pessoa, pego até meus filhos na escola, sou completamente reabilitado”, relata Cleber. Ele afirma ainda que tem sido maravilhoso o trabalho com o delivery. Por onde passa querem tirar fotos com ele.
“É como se eu fosse entregador de bicicleta, então não tenho muita corrida. Por isso faço serviço por fora também, entregando exames, indo ao banco ou lotéricas. Sempre ando nas ruas, até porque as calçadas não são muito boas e respeito o pedestre”, diz entregador, que brinca se autodenominando “cadeiroboy”.
O guidão de automatizado, que é conhecido como “kit livre”, vem diretamente de São José dos Campos (SP) e é totalmente adaptável à cadeira de rodas de Cleber. O equipamento elétrico alcança no máximo 35km/h e tem como objetivo exato tornar os usuários de cadeiras de rodas protagonistas de suas vidas e, no caso de Cleber, inspirando a de muitos outros.
Foto: Sandro Pereira/freelancer
“E acredito estar ajudando as pessoas a enxergar a vida diferente, fazendo-as verem como eu conduzo minha vida, trabalhando. Sempre recebi muito apoio e incentivo de toda a minha família e amigos, isso é a alegria dos meus filhos. Eu sempre me virei. A vida só é dura para quem é mole e não posso dar uma de coitadinho, preciso correr atrás”, afirma, orgulhoso.
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