Funcionário do serviço funerário de Manaus ajeitava ataúde, que estava apoiado sobre uma mesa improvisada com uma estrutura metálica, para o velório
Circula pelas redes sociais uma foto de uma pessoa que aparentemente carrega um caixão pela ponta dos dedos. A cena teria ocorrido durante o enterro de uma vítima de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. De acordo com a legenda da publicação, como parece não ter sido necessário usar força no movimento, isso indicaria que o caixão estava completamente vazio. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado.
A informação analisada pela Lupa é falsa. A foto original foi cortada para esconder que o caixão estava apoiado sobre uma mesa improvisada. A imagem foi registrada pelo fotógrafo Edmar Barros, está entre as imagens da reportagem “Manaus registra enterros simultâneos, aglomeração e coveiro sem proteção” da Folha de S.Paulo, publicada em 16 de abril de 2020.
Na foto, a pessoa com roupa de proteção apóia o caixão sobre uma mesa improvisada com a ajuda de outras duas. O procedimento foi realizado para que a família tivesse direito a um velório rápido no cemitério municipal Nossa Senhora Aparecida, na capital amazonense. Logo, não é verdade que o indivíduo carregava o peso apenas com a ponta de dois dedos.
Para tentar dar credibilidade à afirmação falsa, a parte esquerda da foto foi cortada para não mostrar essa estrutura. “O caixão já estava apoiado na estrutura metálica. Então quem estava segurando na ponta poderia segurar até mesmo com o dedo, se quisesse. Não faz a menor diferença, porque não tem peso mais. O peso está na outra ponta”, explicou Barros, por mensagem de voz enviada pelo WhatsApp. Algumas versões do post afirmam também que a pessoa que segura o ataúde é uma mulher, mas Barros conta que o serviço foi feito por um homem, funcionário do SOS Funeral, serviço gratuito da prefeitura de Manaus.
O fotógrafo enviou a sequência completa de 13 imagens registradas naquele momento para a Lupa. É possível ver a retirada do caixão de uma van, feita pelo funcionário do serviço funerário com a ajuda de outros dois homens, de máscara, que seriam familiares da vítima. Ou seja, foram necessárias três pessoas para carregar todo o peso. Os três também estão juntos na hora de apoiar o caixão sobre a estrutura metálica onde haveria o velório. O esforço maior é feito pelos dois homens que estão na outra ponta. “Esse caixão carregado era um dos três (…) com vítima de Covid”, disse Barros.
Fonte: Grupo Imparcial