Pele de pirarucu é transformada em bolsas e calçados por empresária rondoniense

 

Patrícia conta que o amor e curiosidade pelo pirarucu começou na época que fazia faculdade de engenharia agronômica. “Enquanto muitos alunos estudavam e se interessavam pelo tambaqui, eu era a única aluna que queria saber tudo sobre o pirarucu”, afirma.

Botas são feitas com couro de pirarucu. Foto: Rauã Araújo

Em 2016, a empresária ouviu relatos de pessoas que buscavam pele do pirarucu para fazer couro e aquilo despertou seu interesse. Ela foi em busca de cursos sobre produção de couro, até fora do Estado, mas não encontrou ninguém que soubesse fazer o material da pele de peixe.

“Eu levei as peles de pirarucu em caixas bem grandes, enrolado no jornal. Fui para o Rio Grande do Sul e quando eu cheguei lá, eles falaram: ‘não, a gente não sabe fazer de pirarucu’. Então eu fiquei lá e aprendi a fazer na pele do boi”.

Depois de alguns meses, Patrícia voltou para Rondônia e decidiu testar as técnicas que havia aprendido na pele de pirarucu, mas as tentativas não foram bem sucedidas.

“Eu acordava todos os dias muito cedo e ia testar a formulação e não dava certo porque a formulação do couro de boi é totalmente diferente do couro de pirarucu. Em seis meses, eu já estava quase desistindo, estava ficando depressiva porque tinha investido tudo que eu podia naquele negócio”,

 revela.

Bolsa feita com couro do maior peixe de água doce da América também é um dos modelos criados pela empresária de RO. Foto: Rauã Araújo

Depois dos seis meses de muito esforço, ela finalmente conseguiu acertar a fórmula. Depois disso começou a vender o produto de porta em porta e criou a marca Olve Leather.

Uso consciente

Dois anos depois, em 2018, Patrícia lançou a própria marca, com coleções que ela mesma desenha. A empresa vende bolsas e calçados para outros países, criados através da pele do pirarucu produzido na Região Norte do Brasil.

Bota feita com couro de pirarucu. Foto: Rauã Araújo

Tanto a Olve Leather, quanto a empresa que confecciona o couro, são reconhecidas e autorizadas pelo Ibama. Segundo Patrícia, é de extrema importância que os recursos naturais sejam utilizados com consciência e legalidade.

Também foi pensando nisso que ela criou o Instituto Masú, uma Organização Não Governamental (ONG) que auxilia ribeirinhos a se cadastrar para escoar pele de peixe de forma legalizada. “Hoje, o Instituto ajuda mais de mil famílias na Região Norte e gera mais de 30% na renda extra dessas famílias”, comemora.

*Por Rauã Araújo e Jaíne Quele Cruz, Rede Amazônica e g1 Rondônia

Bosco Cordeiro:
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