Esporotricose é uma infecção cutânea causada pelo fungo saprófita Sporothrix schenckii (Foto: Divulgação)
Doença fúngica que pode afetar tanto animais quanto seres humanos, sendo especialmente comum em gatos, a esporotricose teve um aumento significativo de novos casos em Manaus nos primeiros meses de 2023. Somente entre janeiro e fevereiro 180 casos foram registrados da doença, que tem preocupado donos de felinos, já que um importante medicamento para o tratamento da doença está em falta no Centro de Controle de Zoonoses de Manaus (CCZ).
A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde, que afirmou à reportagem de A CRÍTICA que “realizou uma compra emergencial de 25 mil comprimidos e aguarda a chegada da remessa nas próximas semanas”. Segundo a pasta, a falta do medicamento se deu após um aumento da demanda fora do padrão pelo remédio de uso animal e por isso, “o estoque disponível no município foi utilizado no mês de fevereiro”.
Ainda de acordo com a pasta, o atendimento aos casos de esporotricose animal é feito no CCZ. Para os casos d esporotricose humana, o medicamento segue disponível nas unidades de saúde referência da rede municipal. Sobre a eutanásia dos animais acometidos com alguma zoonose, o procedimento é realizado no CCZ quando há lesões extensas ou sem possibilidade de tratamento.
O que é a esporotricose?
A esporotricose é uma zoonose que pode afetar pessoas e animais, especialmente gatos, causada por fungos do gênero Sporothrix. De acordo com a médica veterinária pós-graduada em Microbiologia Geral e especialista em felinos, Adriana Oliveira, os sintomas mais comuns em animais são feridas profundas na pele, que não cicatrizam e se espalham rapidamente.
“Todos os mamíferos podem ser afetados, não só o gato. E a gente tem que lembrar que a esporotricose está no ambiente. Ela é uma doença que pode atingir a pele mas pode atingir o órgão porque ela é sistêmica, mas tem cura. Quanto mais cedo iniciar o tratamento, mais chances de cura”.
Segundo a médica veterinária, o fungo da esporotricose pode ser transmitido aos animais e pessoas pelo contato com materiais contaminados, como casca de árvores, palha, farpas, espinhos ou terra. Em contato direto, o animal contaminado transmite a doença por meio de arranhões, mordidas ou contato com a pele lesionada.
“Um exemplo é o gato que tem acesso a rua e amola a unha em uma árvore contaminada ou cava um solo contaminado para fazer xixi ou coco, então ele contamina a unha e vai para casa. Digamos que no caminho, ele brigue com outro gato e aí, ele transmite. Se ele chegar em casa e arranhar um humano, o ser humano também pega a doença”, explicou.
Ela reforça que a esporotricose tem tratamento e, na maioria dos casos humanos e em animais, pode ser feito com a administração de antifúngico, que deve ser receitado por médico ou veterinário.
“Como se trata de uma doença fúngica, o tratamento é feito com um antifúngico específico, mas tem a associação com outros medicamentos como antibiótico, analgésico, anti-inflamatório, de acordo com o caso do animal”, explicou a médica veterinária. De acordo com ela, a única forma de evitar a doença é castrar o animal e manter os animais domésticos seguros e dentro de casa.
“Para evitar que o animal pegue esporotricose é não deixar o gato ter acesso a rua e castrar o animal, porque a maioria dos animais doentes são machos não castrados que dão voltinha na rua”, finalizou a médica que já atendeu mais de 90 animais entre os anos de 2020 a 2023.
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