Neste artigo, abordarei duas importantes tecnologias que serão fundamentais para Presidente Figueiredo extinguir o lixão a céu aberto, fazer a gestão adequada dos resíduos urbanos, impulsionar o crescimento e garantir qualidade de vida aos moradores. Essa escolha é especialmente relevante devido aos mananciais de águas límpidas, tanto superficiais quanto subterrâneas, presentes no município. Não podemos mais tratar essa questão sem considerar estas duas tecnologias disponíveis no mercado, é preciso compreender suas vantagens e desvantagens para opinar e decidir qual delas pode ser a melhor para o município. Os aterros sanitários e as usinas de pirólise ou de carbonização de resíduos são tecnologias amplamente utilizadas para o tratamento de resíduos sólidos, cada uma com suas características e impactos ambientais associados, positivos e/ou negativos.
Um aterro sanitário é uma instalação projetada para receber e dispor adequadamente os resíduos sólidos urbanos, visando minimizar os impactos negativos ao meio ambiente e à saúde pública. Sua operação envolve o recebimento dos resíduos coletados na cidade, que são então compactados e depositados em células específicas. Geralmente, essas células são cobertas diariamente com uma camada de terra para evitar odores, proliferação de pragas e reduzir o risco de contaminação ambiental.
Como vantagens, os aterros são relativamente simples de serem construídos e operados, exigindo menos infraestrutura complexa. Comparativamente, os custos iniciais de estabelecer um aterro sanitário são menores em comparação com outras tecnologias de tratamento de resíduos. Outra vantagem é que por meio da captura de gases de aterro (metano), é possível gerar eletricidade, tornando os aterros uma fonte potencial de energia renovável.
Entretanto, há desvantagens a serem consideradas. Os resíduos em decomposição liberam gases como metano, dióxido de carbono e outros compostos voláteis, contribuindo para o efeito estufa e a poluição atmosférica. Mesmo com medidas de controle, os aterros podem contaminar o solo e as águas subterrâneas com lixiviados, substâncias tóxicas provenientes da decomposição dos resíduos. Além disso, existe a limitação de espaço, o que eventualmente demanda a designação de novas áreas para a criação de novos aterros.
Uma usina de pirólise é uma instalação que utiliza o processo de pirólise para converter resíduos orgânicos em produtos úteis, como biocombustíveis, óleos e carvão vegetal. Durante a pirólise, os resíduos são aquecidos em altas temperaturas na ausência de oxigênio, resultando na decomposição térmica dos materiais orgânicos. As usinas de pirólise demandam investimentos iniciais mais elevados devido à tecnologia especializada necessária para o processo de conversão térmica dos resíduos em produtos utilizáveis, como óleo combustível, gás/energia e carvão, através de processos térmicos de decomposição. No entanto, uma vez em funcionamento, elas podem gerar a própria energia e receitas adicionais com a venda dos produtos derivados do processo de decomposição.
Como desvantagens, a construção e operação de uma usina de pirólise exigem investimentos significativos devido à tecnologia envolvida. É um processo técnico que requer expertise e manutenção especializada para garantir eficiência e segurança. A eficácia da pirólise pode variar de acordo com a escala da operação e a disponibilidade de resíduos adequados para processamento. Como vantagens elas apresentam: redução significativa do volume de resíduos, transformando-os em produtos de valor. Os produtos gerados, como biocombustíveis e gases, podem servir como fontes de energia limpa e renovável. Comparada aos aterros, a pirólise tende a ter um impacto ambiental menor, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa e a contaminação do solo e da água. Além disso, ela ajuda a reduzir a dependência de combustíveis fósseis, não emite gases de efeito estufa, não exala odor, não contamina o lençol freático e gera créditos de carbono
Ambas as tecnologias, aterros sanitários e usinas de pirólise, têm suas vantagens e desvantagens. Para decidir entre elas, é crucial considerar diversos fatores, como impacto ambiental, eficiência energética, custos operacionais e disponibilidade de recursos. Diante das opções de tecnologias para o tratamento dos resíduos, a usina de pirólise, por suas vantagens ambientais e potencial de redução de resíduos, se apresenta como a tecnologia mais adequada do ponto de vista econômico, ambiental e de benefícios sociais para Presidente Figueiredo. Isso se deve à garantia de preservação dos valiosos mananciais de água existentes no município, à preservação do meio ambiente, além disso, tem a capacidade de geração de produtos tangíveis com a carbonização dos resíduos, sem poluir, sem contaminar o solo, sem gerar odor e sem contaminar o meio ambiente.
Saber destas possibilidades de tratamento de resíduos é importante e representa o primeiro passo a dar, ao se pensar na extinção do lixão a céu aberto. O município não precisa comprar essa tecnologia, mas precisa pagar pelos serviços e benefícios que serão gerados pela implantação dela no município. Os artigos 10, 11, 15 e 17 do Marco Legal do Saneamento Básico, Lei Federal No. 14.026 de 15 de julho de 2020, dão essa prerrogativa para o município trabalhar a gestão dos resíduos sólidos. Lembrando, que uma unidade dessa usina está no município, parada, sem operar! E você, na sua opinião, qual destas duas tecnologias é a mais adequada para Presidente Figueiredo?
Sobre o autor
Reynier Omena Junior, biólogo, mestre em gestão de áreas protegidas na Amazônia (INPA), MBA em gestão e análise ambiental. Atua como consultor ambiental há mais de 20 anos, prestando serviços para a iniciativa privada e governo. Possui larga experiência em licenciamento ambiental, atendimento de condicionantes, avaliação de impactos ambientais, diagnósticos e prognósticos da fauna; supervisão e monitoramento ambiental de obras; ornitologia, bioacústica, turismo de observação de aves, gestão e criação de áreas protegidas; gestão de resíduos sólidos, elaboração de inventários de emissões de gases de efeito estufa (GEE) para quantificação das emissões atmosféricas da indústria, entre outras.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0243604298813606