A ‘Menina Sem Medo’ que enfrenta o touro de Wall Street prepara as malas
Estátua que representa a luta da mulher pela igualdade foi instalada há um ano no coração financeiro de NY
A Menina Sem Medo está de mudança. A estátua de bronze situada em frente ao célebre touro de Wall Street vai mudar de localização na semana que vem, coincidindo com o Dia Internacional da Mulher. A prefeitura de Nova York deve anunciar o novo local a partir de onde poderá continuar promovendo permanentemente o empoderamento feminino no mundo corporativo.
A estátua da artista Kristen Visbal tinha autorização para permanecer até 8 de março próximo junto ao Charging Bull(“touro que ataca”, em português). Ela apareceu por lá surpresa há exatamente um ano, com uma permissão inicial de um mês. Em poucos dias se tornou um símbolo do movimento que luta pela igualdade de gênero nos cargos de direção empresarial, o que reverberou por toda a cidade e atraiu milhões de turistas. A obra, entretanto, sempre esteve cercada de polêmicas.
A Menina Sem Medo já sofrera um duro golpe em outubro passado, quando sua inocência foi posta em dúvida. O State Street, fundo que financiou a campanha que colocou a menina de bronze em pose desafiadora diante do imponente Charging Bull, teve que indenizar 300 funcionárias porque seus salários eram mais baixos que o de seus homólogos homens. A disparidade salarial havia sido revelada durante uma auditoria feita há cinco anos.
O episódio deu mais argumentos a Arturo Di Modica, o escultor do imponente touro, para atacar a escultura que estaria roubando o protagonismo da sua criação. A tal ponto que ele iniciou uma batalha jurídica contra a prefeitura de Nova York para que a estátua fosse retirada, porque ele considerava se tratar de uma artimanha publicitária que alterava o sentido original de seu trabalho. Dizia não ter nada contra a mensagem.
Apesar desse confronto, um ano foi tempo suficiente para que a menina e o touro se tornassem dois símbolos quase inseparáveis. Por isso há algumas semanas se especula sobre a possibilidade de que possam continuar juntas em um calçadão de pedestres no Baixo Manhattan, onde geraria menos problemas para o trânsito na região. Outra possibilidade cogitada passava por redesenhar a praça que ocupam na Broadway.
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/01/internacional/1519917009_461624.html