Monstro das Luzes: veja relatos sobre o estuprador das próprias filhas
A matéria a seguir contém depoimentos fortes. Pai-avô de bebê era querido pela comunidade, mas dentro de casa estuprava a esposa e duas filhas. Uma delas engravidou e perdeu o bebê de dois meses neste sábado
Manaus – “Ninguém imaginava que ele estuprava as filhas. Estava sempre disposto a ajudar a comunidade e até fazia condução quando nós precisávamos”, conta uma das vizinhas de E.G.S., pai-avô do bebê, identificado como “Rafael”, de aproximadamente dois meses, que morreu na manhã deste sábado (23), em um dos barracos situados na rua Saturno, comunidade Cidade das Luzes, bairro Tarumã- Açu, Zona Oeste de Manaus.
O caso ganhou repercussão nesta manhã após a morte da criança, fruto de estupros consecutivos cometidos por ele com a filha de apenas 15 anos. A adolescente deu à luz após ter sido mais uma vez estuprada pelo “Monstro das Luzes”, vulgo dado pelos próprios comunitários da comunidade, uma relação entre a figura e o nome da invasão. Ele também é acusado de fazer isso com a filha de 7 anos, enquanto a adolescente estava no hospital em trabalho de parto.
A história repugnante que envolveu toda esta família, destruída pelo homem que deveria proteger os integrantes dela, veio à tona e causou repulsa na opinião pública amazonense. A relação abusiva com as filhas também se estendia à esposa dele, mãe das garotas violentadas.
“Ela sofria muito e aguentava muita coisa calada, talvez por falta de conhecimento. Era agredida, violentada e ainda tinha que aguentar tudo. Ele só foi preso quando nós vimos a garota de 7 anos sagrando. Ao perguntarmos dela, a menina disse: ‘papai colocou o negócio dele aqui’ apontando para as suas partes íntimas. Ela não sabia o que significava aquilo, mas todos nós choramos ao saber disso”, relatou a moradora da invasão.
Após a revelação da criança é que os momentos de horror que a família sofria dentro do barraco com menos de 10 metros quadrados foram descobertos.
Início dos abusos
Segundo a vizinha, os abusos contra a adolescente começaram quando ela ainda tinha 10 anos. Aos 14, a jovem acabou engravidando do próprio pai. Com vergonha e, principalmente medo, ela não contou quem era o genitor do bebê Rafael.
“Foi uma surpresa para todo mundo. Todos nós conhecíamos ele”, conta outra vizinha, cuja identidade manteremos preservada. Ela também disse ao EM TEMPO que sempre fazia questionamentos à adolescente sobre a identidade do pai da criança, mas não imaginava se tratar de incesto.
“Ela nunca foi de ficar ‘de namoradinho’. Era sempre quieta, na dela. Ele não gostava de mim, pois eu ficava perguntando sobre o pai da criança. Só quando a história veio à tona, é que a menina teve coragem de falar”, diz a vizinha.
Perfil do abusador
Ele era tido na comunidade como um “faz tudo”, sempre pronto a ajudar os vizinhos. Entretanto, quando assunto era a família, E.G.S. se transformava e mostrava um lado desconhecido pela vizinhança.
“Ele era um pai muito rigoroso e colocava os filhos para fazer trabalhos braçais. Uma vez ele fez um dos meninos mais novos subir em um poste de luz. Alertamos sobre o risco, mas ele não gostava de ser chamado atenção. Era uma pessoa grossa e ameaçava que iria nos matar. Ele ainda exigia que não chamássemos a polícia”, relata outra moradora.
Um pedreiro, que mora na mesma invasão, conta que o homem era conhecido na vizinhança por ser violento. “Ele batia na mulher e nos filhos com perna-manca. Dava chutes até na cabeça deles, mas ninguém se metia porque ele ameaçava de morte”. Mesmo com o histórico de agressões aos filhos e até mesmo à esposa, os comunitários dizem que não desconfiavam dos abusos sexuais.
No total, o homem tem seis filhos com a mãe da adolescente. Além da garota de 15 anos, ele tem mais três meninas e dois meninos. Os vizinhos suspeitam que o filho mais velho tenha doenças mentais ocasionadas pelas lesões provenientes dos atos de violência do próprio pai.
Abuso veio à tona após denúncia da filha
No dia 02 de janeiro deste ano, E.G.S estuprou a filha de 15 anos novamente. Grávida de sete meses, ela teve um sangramento e temeu perder o bebê. Até este momento, a garota disse à polícia que a mãe não tinha conhecimento sobre os estupros.
Nervosa e com bastante medo, ela pediu que a mãe a levasse na maternidade. E.G.S precisou ficar com os outros cinco filhos. Aproveitando-se da ausência da mulher e da adolescente, ele estuprou a outra filha de sete anos. Após o ato, ela conseguiu fugir para fora do barraco e chamou a atenção dos moradores ao estar com manchas de sangue na calcinha.
“Ela correu e foi ‘acudida’. Ao perceber a situação, ele ainda tentou falar que a menina estava com medo de apanhar porque tinha derrubado a irmã mais nova no chão. Ninguém acreditou nele, até porque a garotinha já tinha dito que o pai tinha colocado o negócio dele nela. Falamos para ele que não era verdade porque ela estava com manchas de sangue na calcinha. Quando ele viu que não tinha saída, tentou acusar o próprio filho”, relata outra moradora cuja identidade também será preservada nesta matéria.
A revelação da menina causou a revolta dos populares. O “Monstro das Luzes” foi espancado com chutes, socos, cuspes e só não foi morto porque a polícia chegou na comunidade.
“Todos se revoltaram e começaram a bater nele. Só não mataram porque não deixaram. Nós estamos lutando por nosso direito aqui e isso poderia nos prejudicar. Chamamos a polícia na hora. Até mesmo os policiais militares ficaram assustados e comovidos com o caso”, fala outra moradora. Ela ainda revelou que ele teria uma acusação de estupro feita anos antes e, por isso, sempre evitava ficar próximo da polícia.
E.G.S foi preso em flagrante e a criança levada ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi comprovado que havia sêmen na vagina e no ânus dela. Hoje, a menina vive com uma tia, sob tutela, em um bairro distante da comunidade. Já a adolescente acabou tendo o bebê prematuro. Por conta disso, a criança precisava de cuidados e de acompanhamento médico. Porém, nesta manhã, ele acabou morrendo durante o sono.
A jovem mãe, abusada e espancada diversas vezes pelo pai, foi quem notou que a criança não estava respirando. Ela sempre acorda às 6h para dar remédio ao bebê, mas ele já estava morto.
Vítima
A adolescente, ainda muito abalada pela morte prematura do filho, revelou à imprensa sobre os abusos. A jovem disse que nunca tinha revelado a história de horror que vivia dentro da própria casa porque era ameaçada constantemente pelo pai.
“Ele ameaçava me matar, matar a minha mãe, os meus irmãos e até mesmo, amigos próximos. Eu tinha muito medo e eu só queria ficar viva para cuidar do meu bebê”
E.G.S está preso há dois meses, desde o flagra dos vizinhos e também quando a adolescente teve coragem de confessar, ainda no leito da maternidade, que o filho era do próprio pai.
“Eu quero que ele continue preso”, pede ela em meio à tristeza de perder o único filho, além de toda a dor e trauma ocasionados pelo genitor.
Tanto a mãe, quanto a adolescente foram levadas à Delegacia Especializada de Homicídios e Sequestros (DEHS) para prestarem esclarecimentos sobre o caso. A polícia vai continuar as investigações para que o homem responda por todos os crimes.
*Todos os nomes dos envolvidos neste caso foram mantidos em sigilo por proteção a família da vítima
Fonte: https://d.emtempo.com.br/