Garantido celebra ‘Boi da Alegria do Povo’ fechando 2ª noite do Festival

 

Bumbá encerrou a apresentação faltando menos de um minuto para acabar o tempo, mas empolgou e emocionou a galera Vermelha e Branca

(Foto: Jair Araújo)

Na noite dedicada a São Pedro, o Garantido homenageou São João e pintou o Bumbódromo de vermelho e branco dentro do subtema “Garantido, o Boi da Alegria do Povo”, no tema “Nós, o Povo”.  

E avermelhou mesmo, com a clássica toada “Vermelho”, de Chico da Silva, que emocionou o Bumbódromo, apresentada pelo levantador Sebastião Júnior.
 
“Viva São João” foi a Celebração Folclórica, trazendo personagens alegóricos gigantes do festejo junino como o célebre sanfoneiro Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”, dançarinas de quadrilha, o batuqueiro do Boi Garantido, duas fogueiras e o próprio homenageado São João, que conduziu o Boi Garantido, o dono da festa, encarnado pelo tripa oficial Denildo Piçanã. 

Um total de 40 vaqueiros circularam ao redor do Garantido no momento da evolução – eles tinham lanças pintadas com com a imagem de Sao João e de Nossa Senhora nas berlindas.

Na arquibancada, a galera vermelha e branca estendeu um bandeirão vermelho com a cabeça do Boi. Na noite ela foi retratada pelo apresentador Israel Paulain como “combustível da alegria” e não ficou um minuto parada. “E na galera do Garantido não é nada gravado, não: é ao vivo”, disse o apresentador Israel Paulain, provocando a galera do boi contrário.

A Batucada, além de atuar na parte musical, também fez algumas coreografias nesta segunda noite.

A Sinhazinha da Fazenda Djidja Cardoso surgiu de dentro de um módulo que representava um milharal. 

Foi com frio na barriga, mas deu certo: a Rainha do Folclore, Brenda Beltrão veio para a Arena do Bumbódromo num balão de São João adornado com fitas coloridas a uma altura superior a aproximadamente 10 metros do chão.

A noite do Garantido foi um misto de religiosidade, saudosismo, lutas e celebração da vida simples do Brasil, onde a festa de São João surge do culto a Adônis, mito grego que o cristianismo associou ao nascimento de São João Batista.

A mãe do santo, Santa Isabel, teria acendido uma fogueira para anunciar o nascimento do filho. E o Boi-Bumbá Garantido também tem sua origem na fé a São João, onde seu criador, Mestre Lindolfo Monteverde, fez uma promessa ao santo e, por ter alcançado a graça, criou o seu boi em louvor à divindade católica. 

O pajé Adriano Paketá surgiu pela primeira vez na noite para comandar um dos grandes momentos coreográficos do Garantido neste Festival: uma celebração tribal onde índios exibiam de símbolos representavam transformações de humanos para a forma de animais.

Uma coreografia interessante lembrou a lenda dos “Macacos Vermelhos”, com a dança sincronizada de jovens encenando macacos guaribas.

 FLECHAS SERPENTES

Na Lenda Amazônia pra valer, entraram em cena as “Flechas Serpentes”, crença do povo karajá habitante das margens do rio Araguaia e segundo a qual macacos gigantes atacavam e devoravam os índios pendurando seus ossos em umam árvore colossal. Um gigantesco macaco levantou em meio à caracterização de uma aldeia. Em seguida, um índio vindo numa cabeça de uma serpente gigante travou um duelo e  atirou uma flecha no primata. Floresta livre do mal pelo menos na imaginação vermelha e branca.

A estrutura alegórica também trazia, num sapo, a Cunhã-Poranga Isabelle Nogueira, índia guerreira da tribo. Certeza de bela evolução.

A alegoria, fantástica, foi criação do artista Emerson Brasil e equipe, com 19 metros de altura, 30,4m de boca de cena e nove módulos, com 60 dançarinos do Grupo Porantins, do Município de Maués.   

Ao som de violinos e violoncelos, a Toada, Letra e Música escolhida para concorrer pela associação folclórica nesta segunda noite foi “Garantido Imortal”, do compositor Adriano Aguiar, que saiu ano passado do boi rival. 

Para curar o “mau olhado” e buscar o campeonato, o Garantido recorreu à Figura Típica Regional “Erveiras da Amazônia”, que são recorrentes no cenário cotidiano regional, povoam mercados e feiras populares vendendo e transmitindo todo o conhecimento herdado das populações indígenas sobre as ervas medicinais destinadas à cura das mais diferentes doenças. São as erveiras que mantém viva a tradição da cura pela medicina natural.

Edilson Santana foi o convidado especial pata cantar, em conjunto com Sebastião Júnior, a toada “Erveiras da Amazônia”, composta por Hugo Levy, Ivânia Neves e Marcos Moreno.

Tinha mais emoção: um barco a motor adentrou a Arena com uma imagem gigante de Nossa Senhora de Nazaré atrás e, à frente, a porta-estandarte Edilene Tavares dentro de um casulo como uma libélula l… só que içada por um guindaste.

 RITUAL MURA

O Boi Garantido desenvolveu em seu ritual os feitos dos índios Mura. Na representação, índios remanescentes de outras tribos, negros e caboclos foram “murificados” formando uma tribo muito diversa e poderosa, onde o pajé Adriano Paketá (que apareceu do interior de um peixe na fantástica alegoria) invocou  os espíritos da floresta para serem incorporados nos guerreiros. A estrutura alegórica foi concebida pelo artista de ponta parintinense Ozéas Bentes.

A evolução foi comprometida pelo tempo escasso no final: o Boi teve que correr para não ultrapassar as 2h30 de tempo limite e terminou em 2h29min11s.

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