Mestre parintinense que previu o desastre da Usina de Balbina morre e deixa legado

Morreu no dia de Natal, devido a um acidente vascular cerebral, o professor Elói Ribeiro, mestre em Wood Chemistry pela Universidade do Maine, Estados Unidos. Na Universidade Federal do Amazonas, onde lecionou, ele ficou conhecido, no início da década de 80, como o “Gênio da Lenha Picada”. É que, nos debates sobre a viabilidade energética da usina hidrelétrica de Balbina, o educador alertava para o baixíssimo nível de geração de energia a ser produzido, especialmente se analisado pelo ângulo da elevada intervenção ambiental que causaria.

O professor, que tinha 80 anos, demonstrava que o uso do manejo florestal da área a ser inundada gerava “n” vezes mais energia que a hidroelétrica. Foi um passo para que os que defendiam a usina criassem o apelido. E ele estava certo. O físico José Goldemberg chegou a propor que Balbina fosse tombada como monumento à estultice humana.

Elói era um gênio da raça e como tal excêntrico. Um dia, quando teve problemas no carro teve de sair do mini campus da UFAM de ônibus, mas achava indigno de um professor meter-se num busão. Sem outra alternativa, pegou um saco de supermercado, de papel, fez dois furos para os olhos e foi para a parada. Lá pelas tantas um aluno tomou coragem e perguntou: Por que isso, professor, algum experimento? E ele: como você me reconheceu?

Certa vez, nos Estados Unidos, precisou de uma caneta e não encontrou. No apartamento de estudante da Universidade do Maine pendurou umas 15 canetas nos diversos cómodos, inclusive banheiro. “Tem de ter uma caneta ao alcance da mão.”

Os alunos dizem que era fenomenal na sala de aula.