Maioria da vítimas eram venezuelanos: ‘Era como se a lama estivesse sugando a gente’

 

“Ela ficou para trás por causa de mim, esperando eu sair”, conta Leoscarme Salazar, 23, sobrevivente da tragédia que vitimou sua mãe

 
 

A maioria das pessoas que tiveram suas casas soterradas pelo deslizamento na rua Pingo D’água, no bairro Jorge Teixeira, eram venezuelanos. Com poucos pertences que sobraram, homens, mulheres e crianças seguiam para começar a vida novamente, após a tragédia da noite deste domingo.

A venezuela Rosa Marcando, 39, morava próximo da família que foi soterrada e conta que foi um desespero ver tudo virar lama.

 

“Tem 6 meses que estamos morando aqui e quando chegamos, eles já estavam, morava o casal e mais 5 filhos, os três filhos adultos sobreviveram e estão desesperados. Fugiram da fome no nosso país e morreram aqui em meio a lama”, contou.

 

(Foto: Junio Matos)

(Foto: Junio Matos)

 No momento da tragédia Rosa estava deitava com seus filhos quando ouviu o barulho do desabamento.

” Eu estava deitada com meus filhos e quando ouvi o barulho, corri para ver o que era a já não tinha mais nada. A gente só via lama por todo lado, uma tristeza muito grande”, lembra.

A venezuelana também relatou que não tinham recebido nenhuma instrução sobre saírem do local.

” Nós não recebemos nenhuma visita e nem foi falado que estávamos em uma área de risco, agora nós perdemos tudo, o pouco que tínhamos”, relatou.

No IML

Leoscarme Salazar, 23, é filha da venezuelana que morreu soterrada junto com o filho. Na hora da tragédia, a filha contou que a mãe ficou para trás esperando por ela.

“Ela ficou para trás por causa de mim, esperando eu sair. Eu consegui sair, tirar meus filhos, mais não consegui tirar minha mãezinha. Ela estava me procurando”, contou ela aos prantos.

A jovem contou que está no Brasil há 4 anos e que a mãe chegou depois.
” Tive o maior esforço pra trazer minha mãe para morrer aqui, da pior forma, no meio da lama. Eu trouxe ela e meu irmãozinho para passar por isso aqui. Ela era tudo que eu tinha, eu não tenho mais ninguém agora”, disse.

Daniele Cristina, 32, perdeu o marido e o filho no desabamento e contou que morava lá há 3 anos com o esposo os dois filhos.

“Quando vimos que estava tudo desabando meu marido falou, pega o neném e corre e ele ficou pra trás com meu outro filho e não conseguiu sair. Era muito barro,  era como se a lama estivesse sugando a gente. Eu ouvia os gritos dos vizinhos, das crianças e a gente não conseguia enxergar mais nada”, lembra.

Os corpos estão sendo liberados no Instituto Médico Legal no decorrer do dia e serão entregues aos familiares para realização do sepultamento.

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