Seca vira ‘inimiga’ da retirada de flutuantes do Tarumã

 

Decisão que ordena a retirada dos flutuantes é afetada pela seca que deixou os mesmos no leito seco.
 
Flutuantes localizados no laguinho do Tarumã deixaram a região afetada pela vazante do rio

A retirada dos flutuantes do rio Tarumã, determinada pela Justiça, ganhou um “novo inimigo”: a seca, que estreitou o canal de navegação, secou o chamado “laguinho” e levou vários desses estabelecimentos para o leito seco do rio ou para outras áreas onde ainda há água disponível.

A situação é mais grave na foz do rio Tarumã, na altura do porto das canoas da Marina do David, no bairro Ponta Negra, Zona Oeste. Conforme Sebastião de Souza, da Associação dos Canoeiros da Marina do David, a maior parte dos flutuantes instalados no local já estão no leito seco.

São mais de trinta flutuantes nessa região que estão no seco e muitos deles estavam na tal lista dos que seriam retirados“, diz o canoeiro.

A região do Laguinho, onde estavam instalados boa parte dos flutuantes de turismo e onde os proprietários de lanchas costumam fundear para curtir a paisagem e se banhar nas águas calmas do Tarumã, está apenas um “filete” de água

A situação do laguinho pode ser vista no vídeo gravado na manhã de quinta-feira (28).

 

Retirada dos flutuantes: prefeitura segue em silêncio

Considerada uma “bomba” que a Justiça empurrou para a Prefeitura de Manaus, a retirada dos flutuantes é tratada em completo sigilo pelas autoridades municipais, que ainda estudam a melhor forma de dividir o custo político de retirar mais de 900 flutuantes que ocupavam o leito do Tarumã.

A questão que ainda pode voltar para a Justiça envolve vários órgãos e entidades que não estão no escopo da decisão judicial. Em off, procuradores da prefeitura citam que todos os flutuantes tem autorização da Marinha para fundear (se instalar) em uma determinada área do rio Tarumã.

Uma eventual retirada sem o auxílio da Marinha vai envolver colocar os estabelecimentos em um local ilegal e com potencial para atrapalhar a navegação, critério usado pela Força Naval para definir e autorizar a instalação de um estabelecimento em vias aquáticas.

Outra questão diz respeito ao zoneamento econômico e ecologico do rio, que deve ser feito pelo Comitê da Bacia do Tarumã, que até o momento não se manifestou sobre o correto uso dos recursos e das áreas do rio.

Outra confusão que está atrasando essa retirada é a definição sobre quem tem o direito de ficar, posto que há moradores e comerciantes que estão no local desde os anos 90, alguns com altos investimentos nas estruturas.

A Associação dos Flutuantes do Tarumã (Afluta) tem buscado respaldo político para manter os flutuantes no local ou organizar com o mínimo de custos possíveis a retirada dos que não se submeteram a qualquer tipo de licenciamento, seja pela Marinha ou os órgãos ambientais.

Um morador do Tarumã, que pede sigilo de fonte, informou que já está tirando o flutuante dele do rio por conta da seca e que outros estão tomando a mesma decisão, sendo que uns para regiões na margem esquerda do rio Negro e outros para a margem direita, principalmente área do Açutuba, no município de Iranduba.

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