SECA HISTÓRICA NA AMAZÔNIA REVELA PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO PERDIDO ÀS MARGENS DA CORREDEIRA DO URUBUI EM PRESIDENTE FIGUEIREDO
O Norte do Brasil enfrenta uma das piores secas da história recente, com o Rio Negro atingindo seu nível mais baixo em 121 anos, como é o caso de Manaus. Essa situação revela não apenas desafios atuais, mas também aspectos históricos da região. Registros arqueológicos foram descobertas nas lajes às margens da corredeira do Urubuí em Presidente Figueiredo, evidenciando a história da população originária que outrora habitava a área.
O Secretário Municipal de Meio Ambiente, Luizinho Schwade, identificou esses registros e informou o arqueólogo Marco Antônio Lima da Silva, da Secretaria de Cultura. A confirmação da importância dessa descoberta ressalta o valor desse rico patrimônio para a história do município e a necessidade de sua preservação e estudo contínuo. Essa colaboração é um passo crucial na documentação e proteção desse tesouro histórico.
Na região próxima à corredeira do Urubuí, foi descoberto um sítio arqueológico intrigante, revelando vestígios de atividades humanas pré-coloniais. Especificamente, essas descobertas consistem em polidores-afiadores, objetos que desempenharam um papel crucial na confecção de ferramentas como machados bifaciais e enxós usados por comunidades antigas.
Esses artefatos, cerca de 18 deles até o momento, foram identificados ao longo das margens esquerda e direita da corredeira do Urubuí, principalmente devido à exposição gradual de uma laje durante a seca na Amazônia. Esse evento natural revelou essas relíquias históricas que podem lançar luz sobre as práticas e a vida cotidiana das populações que habitaram essa área antes da colonização.
A presença dos polidores-afiadores indica a importância da proximidade da água e da areia para o processo de polimento dessas ferramentas. Além disso, sugere que a região desempenhou um papel vital como local de produção desses utensílios. É digno de nota que as margens da corredeira do Urubuí, onde esses artefatos foram encontrados, eram aparentemente um grande aldeamento indígena no passado.
Embora essas descobertas sejam consideradas preliminares, elas apontam para uma ocupação pré-colonial significativa na área. No entanto, apenas futuras escavações arqueológicas poderão fornecer uma compreensão mais profunda sobre a natureza exata dessa ocupação e como essas ferramentas eram usadas pelas populações antigas.
É crucial ressaltar que não houve intervenções prejudiciais no patrimônio arqueológico, limitando-se a documentação através de fotografias e entrevistas. Essa descoberta abre uma janela fascinante para a história da região e pode fornecer insights valiosos sobre as culturas que habitaram essa área da Amazônia.
A descoberta arqueológica será comunicada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional · Iphan, a quem cabe determinar as ações a serem tomadas para preservação do achado.
Por: Bosco Cordeiro