Amazônia, com menos polícia que resto do país, vê crimes dispararem

 

Pesquisa mostra que importantes índices criminais têm maiores taxas na Amazônia, enquanto estrutura do Estado na região é precária

 atualizado 

PF/Amazonas

Os municípios da Amazônia Legal têm taxas maiores de homicídio, estupro e feminicídio que a média nacional. Por outro lado, há menos policiais e estrutura na segurança pública, quando se compara com o resto do país.

É o que mostra a pesquisa Cartografias da Violência na Amazônia, estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Instituto Mãe Crioula, lançado nesta quinta-feira (30/11).

 

Falta de estrutura na Amazônia Legal

A falta de estrutura para um território tão gigantesco também chama a atenção. As secretarias de segurança pública dos nove estados que compõem a Amazônia Legal possuem apenas 19 aeronaves e 24 helicópteros.

Para se ter uma noção, a Polícia Militar de São Paulo tem mais helicópteros que toda a Amazônia Legal, que é 20 vezes maior que o estado do sudeste brasileiro.

Segundo o diretor-presidente do FBSP, Renato Sérgio de Lima, essa falta de estrutura do Estado na Amazônia é histórica e remete ao modelo de ocupação dessa região, pautado no garimpo, extração de madeira e borracha, em áreas da floresta com menor densidade populacional, chamada de “grandes vazios”.

“O Estado tem dificuldade de consolidar a presença nesses grandes vazios. Há uma priorização dos recursos nas capitais e nos centros urbanos, onde vivem cerca de 60% da população da Amazônia. Qual a grande questão disso: o narcotráfico foi ocupando o espaço do Estado e regulando a vida das pessoas nesses grandes vazios”, explica.

Atualmente, as facções criminosas estão aliadas ao garimpo e ao desmatamento ilegal, de acordo com Renato Sérgio de Lima: “O crime está cooptando os trabalhadores, ribeirinhos, indígenas ou mesmo ameaçando a existência deles”.

Fronteiras desprotegidas

Os pesquisadores identificaram 22 facções criminosas na Amazônia Legal, mas a principal delas, sem dúvida, é o Primeiro Comando da Capital (PCC), com células internacionais na Bolívia, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela.

As polícias estaduais e federal registraram um grande aumento na apreensão de cocaína na Amazônia nos últimos anos. O que vai de encontro com pesquisas internacionais sobre o aumento da produção da droga entre os maiores produtores (Peru, Colômbia e Bolívia).

Em 2022, o Exército apreendeu apenas quatro toneladas de maconha e cocaína na Amazônia. No mesmo período e na mesma região, as polícias estaduais apreenderam 20 toneladas e a federal apreendeu 32 toneladas só de cocaína.

 
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