Garimpo ilegal ameaça a saúde pública

 

O envenenamento por mercúrio pode causar danos ao sistema nervoso central e aos sistemas digestivo, respiratório, cardiovascular, auditivo e visual, entre outros

06/11/2024 às 08:01.

Atualizado em 06/11/2024 às 08:01

 

(Foto: Agência Brasil)

 

É alarmante o resultado do monitoramento realizado pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) em parceria com a Universidade de Harvard, que aponta níveis elevadíssimos de contaminação por mercúrio em peixes do rio Madeira. Os índices encontrados são 32 vezes superiores ao tolerável, colocando em risco não apenas a saúde da fauna, mas principalmente, das milhares de pessoas que têm nos peixes a base de sua alimentação. Trata-se de um sério indício do que pode estar acontecendo em todos os rios onde há a atuação ilegal de garimpeiros. É grande a possibilidade de que a população esteja sendo lentamente envenenada devido ao consumo de pescado contaminado. 

Algumas medidas se fazem urgentes: a ampliação do monitoramento realizado no Rio Madeira, que deve ser estendido a outros rios que são alvos da garimpagem clandestina; e a intensificação do combate ao garimpo ilegal. O envenenamento por mercúrio pode causar danos ao sistema nervoso central e aos sistemas digestivo, respiratório, cardiovascular, auditivo e visual, entre outros. A contaminação por mercúrio pode ser especialmente grave durante a gravidez, pois pode afetar o desenvolvimento do cérebro do bebê.

O garimpo ilegal, além de extremamente danoso ao meio ambiente, e de causar impactos sociais terríveis nas populações indígenas e ribeirinhas, também é um problema de saúde pública. É verdade que o Estado brasileiro tem envidado esforços para combater a atividade criminosa de garimpeiros irregulares na Amazônia, mas é fato que tal empenho tem sido insuficiente. Balsas são destruídas, equipamentos apreendidos, pessoas são presas, mas a ganância humana é mais forte e outros grupos de garimpeiros se instalam tão logo as forças policiais se retiram. 

A abordagem ao problema precisa ser revista. A ação deve ser enérgica e permanente, mas acompanhada de educação ambiental e de um olhar mais aprofundado sobre os próprios garimpeiros, já que muitos recorrem à ilegalidade porque nela encontram uma oportunidade de sobrevivência. É preciso entender quem são essas pessoas e mostrar a elas que a atividade coloca em risco sua própria saúde, a de suas famílias e de todos que se alimentam dos peixes oriundos de rios contaminados.

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