“Fiz laqueadura depois de dar à luz minha 6ª filha, e agora estou grávida de gêmeos”

Aos 29 anos, Tatiane tem seis filhos e está grávida de gêmeos (Foto: Arquivo pessoal)

“Em setembro de 2007, conheci David em uma comunidade de animê no extinto Orkut. Dois meses depois, nos conhecemos pessoalmente e, em fevereiro de 2008, começamos a namorar. Ele tinha 18 anos e trabalhava como repositor em um mercado; e eu, com 16, ainda estava no colégio. Logo descobri que estava grávida e fomos morar juntos em Diadema, onde vivemos até hoje. Tivemos um começo de vida bem difícil, com muita luta e privações para criar nossa primeira filha, Yasmin.

Eu era muito nova e, na época, acreditava que não iria engravidar se estivesse amamentando. Assim, sete meses depois de ter neném, descobri que estava grávida novamente. Foi um susto, naturalmente, mas logo ficamos felizes e animados com a chegada de mais um bebê em casa. Harumi nasceu e, nem bem completou oito meses, engravidei mais uma vez. Aos 20 anos, já tinha três filhos. Ainda pagávamos aluguel, mas nunca nos faltou nada. Nessa época, meu marido trabalhava como porteiro e eu ficava em casa cuidando das meninas.

Três anos depois, vivíamos felizes em família e resolvemos tentar um menino, que era o sonho do David. Akemy (sim, outra menina!) nasceu com 32 semanas e passou por muitas intercorrências no hospital, incluindo uma meningite bacteriana no terceiro dia de vida, seguida de dez outras internações. Por sorte, minha caçula ficou bem e não teve sequelas.
Em 2016, David terminou a faculdade de Gestão da Tecnologia da Informação. Ele então deixou o emprego de porteiro e começou a trabalhar na área, e nossa situação financeira começou a melhorar.

 
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No ano seguinte, a tabelinha falhou e engravidei novamente. Quase caí para trás quando soube que eram gêmeos, mas em pouco tempo abracei a ideia. Na 14ª, no entanto, um dos bebês parou de se desenvolver e prejudicou a saúde do outro. Assim, na 23ª semana de gestação, fui hospitalizada com a bolsa amniótica rompida e, depois de três internações, meu bebê nasceu morto. Só no dia do parto descobri que estava esperando um menino. Lindo, perfeito. Foi um baque para a família toda.

Depois desse trauma, pensei que nunca mais engravidaria novamente. Não queria que as minhas filhas sofressem outra vez. Até que, sete meses depois, descobri que estava grávida de novo. O medo tomou conta de mim, só relaxei quando ouvi o choro de Sayemi Yris, outra menina. Jamais vou esquecer a emoção que foi sair da maternidade com ela nos braços, e a alegria de chegar em casa com mais uma irmãzinha para as crianças.

Em junho de 2019, quando ela estava com sete meses, engravidei acidentalmente mais uma vez – de outra menina! Meu marido ficou apavorado. Sorte que ele havia sido promovido, e nossa situação estava um pouco mais tranquila. A gravidez foi difícil e, para completar, tive uma eclâmpsia na hora do parto. Por causa disso, tive que fazer uma cesariana de emergência e, em seguida, uma laqueadura cauterizada. Sabia que não poderia ter o menino que tanto queríamos, mas nos sentíamos completos com nossas seis garotinhas.

Mas a história mudou quando, no começo deste mês, comecei a ter enjoos e tonturas do nada. Os sintomas eram parecidos com os de gravidez, mas já não tinha mais trompas, não podia ser isso. Suspeitei de Covid-19, mas a hipótese também foi descartada. Por desencargo de consciência, resolvi fazer um teste de farmácia e quase caí pra traz quando vi lá os dois tracinhos: positivo. Um exame de sangue confirmou então a gestação. Primeiro chorei por horas, depois tive crises de risos. Meu marido, coitado, não acreditava. Ficou branco, pálido, vomitou e quase desmaiou.

No dia seguinte, ainda sem entender o que aconteceu, fui perguntar ao médico que fez a minha laqueadura o que poderia ter acontecido. Ele me explicou que a chance de erro é de 0,5% e que eu havido sido premiada. A trompa pode ter se regenerado, segundo ele, ou foi obra de destino. Quando fazemos a operação, assinamos antes um documento onde confirmamos estar cientes que pode haver a chance mínima de isso acontecer. E foi logo acontecer comigo. Bom, quem sabe agora vem o menino que tanto desejamos. Estou torcendo para isso.

Ontem, fui fazer um exame de ultrassom para começar o pré-natal e, mais uma vez, quase cai pra trás. Estou grávida de gêmeos, com 5 semanas de gestação. O médico me explicou que um bebê está bem menor que o outro e pode não evoluir. Torço para que os dois venham com saúde, estou radiante com essa missão de ser mãe novamente.

Hoje tenho a minha escadinha do amor: Yasmim com 11 anos, Harumi com 10, Mayumi com 9, Akemy com 6, Sayemi com 1 ano e 8 meses, Sayuri com 5 meses e os dois que crescem na minha barriga. A previsão é que nasçam em fevereiro de 2021. Antes disso, meu marido vai fazer vasectomia para fecharmos a fábrica de vez.

Quando os gêmeos tiverem 2 anos, pretendo voltar a estudar e me formar em técnica de enfermagem, um sonho antigo. Sempre quis ser mãe, desde pequena. Só não sabia nem esperava que, antes dos 30 anos, seria mãe de oito crianças.”

https://revistamarieclaire.globo.com/

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