Aqueles poucos segundos se repetem a todo momento na cabeça de Erlon Petry, de 18 anos, morador de Lages, em Santa Catarina: as duas na beira do penhasco, uma delas escorrega, a outra tenta ajudar, ambas caem.

Petry estava a cinco metros de distância de suas amigas Bruna Vellasquez, de 18 anos, e Monique Almeida, de 19 anos, no momento em que elas caíram de uma altura de 30 metros perto de uma cachoeira na cidade catarinense no último dia 13.

 

Ele presenciou a breve cena que ocasionou as duas mortes.

“Elas estavam juntas fazendo selfies”, diz Petry em entrevista a ÉPOCA.

As amigas Bruna Vellasquez e Monique Almeida Foto: Reprodução
As amigas Bruna Vellasquez e Monique Almeida Foto: Reprodução

O local escolhido por elas para a foto foi justamente um ponto bem próximo do penhasco. Petry relata que, minutos antes, chegou a tentar  se aproximar deste mesmo trecho, mas desistiu ao constatar muitos musgos que tornavam escorregadio o caminho pelas rochas. Conta que chegou a alertá-las sobre esse risco: “Quando eu vi que elas estavam indo, falei que era perigoso, que eu tinha tentado ir e tive medo”.

Bruna e Monique optaram por seguir até lá. “Eles estavam juntas, lado a lado, de costas para o penhasco, cada uma segurando seu próprio celular para fazer as selfies”, explicou ele. Ao tentar se deslocar para retornar ao lugar onde Petry as observava, sentado, uma delas perdeu o equilíbrio.

“A Bruna escorregou, a Monique tentou segurá-la pela mão, mas acabou puxada. Uma gritou primeiro, depois a outra. E as duas caíram”, disse ele.

Petry ficou paralisado, em choque, sem conseguir pronunciar uma palavra ou emitir um som por alguns segundos. Do ponto onde estava, ele viu apenas as duas desaparecerem na sua frente. Segundos depois, passou a ouvir os gritos das pessoas ao redor.

Bruna Vellasquez, de 18 anos, e Monique Almeida, de 19 anos Foto: Reprodução
Bruna Vellasquez, de 18 anos, e Monique Almeida, de 19 anos Foto: Reprodução

Ao lado de Petry, estava uma terceira amiga. Eles foram juntos com Bruna e Monique no passeio. Naquele dia, chegaram à cachoeira pouco depois das 17h.

Quinze minutos antes da tragédia, essa outra amiga chegou a fotografar Bruna e Monique, com a cachoeira ao fundo, em um ponto mais seguro (foto abaixo).

As amigas compartilharam fotos da cachoeira minutos antes de acidente Foto: Reprodução
As amigas compartilharam fotos da cachoeira minutos antes de acidente Foto: Reprodução

 

ÁREA RESTRITA

Quando a equipe de resgate chegou, Bruna já estava morta. Monique foi socorrida com vida, mas não resistiu aos graves ferimentos ao dar entrada no hospital Nossa Senhora dos Prazeres.

A área no ponto mais alto da cachoeira está situada em uma propriedade da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), maior empresa de distribuição e comercialização de eletricidade do estado. Há uma placa no acesso principal proibindo a entrada. No entanto, existem outras rotas alternativas, sendo frequente a presença de visitantes no local.

“Não cheguei a ver a placa. Se fosse para ser proibido, tinha que ser mais restrito. Tinha mais de 400 pessoas lá na cachoeira. Na parte de cima, tinha umas 30 a 40 pessoas”, disse Erlon.

Bruna Vellasquez, de 18 anos, e Monique Almeida, de 19 anos Foto: Reprodução
Bruna Vellasquez, de 18 anos, e Monique Almeida, de 19 anos Foto: Reprodução

Ele contou que, junto com suas três amigas, caminhou por cerca de dez minutos por uma trilha até chegar ao local.

“O pessoal geralmente vai lá para bater foto. É um local bom para sentar, conversar, ficar olhando a vista, para dar uma espairecida”.

No trajeto de cerca de 20 km entre o centro de Lages e a cachoeira, o grupo planejava a virada de ano e um passeio à praia no próximo mês.

“Eram minhas amigas de infância e já estão fazendo muito falta na minha vida”.

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