Pesquisador do AM cria produto para cicatrizar feridas em diabéticos

 

Em 2019, cerca de 760 amputações foram realizadas em diabéticos no Amazonas

 
Em 2018, o pesquisador recebeu a Medalha de Ouro Deodato de Miranda Leão, como reconhecimento pelo estudo feito com o gengibre amargo e outras inovações | Foto: Arquivo Pessoal

Manaus – O pesquisador e biólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Carlos Cleomir Pinheiro, realizou um estudo e descobriu vários benefícios no gengibre amargo, que ajudam na cicatrização de feridas em diabéticos. Com base no extrato da mangarataia, como é conhecido o gengibre na região norte, Carlos criou o hidrogel, uma espécie de pomada com consistência mais leve. A pesquisa durou 20 anos e contou com testes clínicos com resultados positivos.

Porém, com a pandemia, a fase da concretização desta descoberta inovadora retardou. “Não temos previsão para o lançamento do produto. Eu tinha anunciado que até o final do ano seria lançado, mas com a pandemia, atrasou o processo de autorização e produção. Também, estamos esperando a autorização da Anvisa. A empresa, que irá produzir o produto, é parceira do Inpa e se encontra em Manaus. O estudo éi um marco na história do Brasil e do mundo”, declara o pesquisador”, que também tem doutorado em Biotecnologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Burocracia

 

O criador do hidrogel não divulgou o nome da empresa, pois, houve muita repercussão negativa. “Todo mundo foi em cima da empresa, do Inpa e de mim, cobrando a data do lançamento, porém, existe uma burocracia até a execução. No entanto, estamos fazendo de tudo para a concretização dessa etapa”, desabafa Pinheiro. 

O gengibre amargo é cicatrizante e anti-inflamatório, por isso, acelera o processo na cura de úlceras em diabéticos
O gengibre amargo é cicatrizante e anti-inflamatório, por isso, acelera o processo na cura de úlceras em diabéticos | Foto: Érico Xavier/Fapeam

Beneficiados

Para quem tem a doença, essa descoberta pode contribuir para a qualidade de vida. É o que pensa a jornalista Mayra Marques, que descobriu o diabetes aos 16 anos. “Achei essa iniciativa sensacional, pois muitos diabéticos sofrem com a cicatrização. Por incrível que pareça, nunca tive problema para cicatrizar algum ferimento, mas essa descoberta foi excelente”, avalia.

Hoje, aos 28 anos, Mayra consegue ter uma vida melhor com mais qualidade em relação a doença que não tem cura, mas nem sempre foi assim. “Eu tenho diabetes tipo I. Antes de descobrir, ia ao banheiro várias vezes ao dia, sentia muito fome em um curto intervalo de tempo. O meu irmão já tinha a doença e teve os mesmos sintomas que os meus. Fui ao médico e ele disse que o meu pâncreas produzia pouca insulina e, por isso, desenvolvi o diabetes. Fiquei muito incomodada no começo, mas hoje vivo como uma pessoa normal. Na verdade, com os cuidados que eu tenho com a alimentação e outros aspectos, acredito que vivo melhor do que outras pessoas que não cuidam da saúde”, revela.

Sobre iniciativas de pesquisas para melhorar a qualidade de vida dos diabéticos, a jornalista tem um palpite. “Acredito que poderia ser realizado um estudo para criar um medicamento que não seja aplicado através das agulhas diárias”, sugere.

No Brasil, existem 13 milhões de diabéticos, representando 6,9% da população do país.
No Brasil, existem 13 milhões de diabéticos, representando 6,9% da população do país. | Foto: Divulgação

O que é o diabetes?

Segundo o Ministério da Saúde, o diabetes “é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. Caso a taxa de açúcar no organismo não esteja equilibrada, pode causar complicações nos órgãos, como coração, rins, olhos, artérias e até levar à morte.

Diabéticos no Amazonas

Em 2019, no Amazonas, cerca de 760 amputações foram realizadas em diabéticos. De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), o número de homens com diabetes subiu em 113%. O percentual de mulheres com a doença cresceu 17,3%. Os dados trazem referência de 2006 a 2017. No Brasil, existem 13 milhões de diabéticos, representando 6,9% da população do país.

Segundo a Sociedade Brasileira do Diabetes, é possível ter uma melhor qualidade de vida com cuidados na alimentação e na prática de exercícios. Desse modo, esses bons hábitos servem também para evitar a doença.

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Estilo de vida

O educador físico Alderlan Araújo valida as vantagens da prática de exercícios para os diabéticos. “O exercício físico para a saúde da pessoa com diabetes traz inúmeros benefícios se praticado de forma regular. Isso não significa que a pessoa pode suspender os remédios. Entre os benefícios, posso listar a melhora no controle glicêmico, melhora da resistência à insulina, melhora da composição corporal, melhora nos níveis de colesterol total e também no acúmulo de gordura no fígado”, explica.

Araújo ainda orienta que o exercício, de preferência com um educador físico, deve ser aliado à alimentação. “Além de fazer o acompanhamento com seu médico, é extremamente importante ir à nutricionista, pois o trabalho em conjunto desses dois profissionais só tem a trazer mais qualidade de vida para a pessoa. ”

Alimentação para diabéticos

A nutricionista Ana Rita Gaia explica que o diabetes pode ser evitado e controlado através da alimentação. Para os que têm a doença, o cuidado é redobrado. “A alimentação para diabéticos deve ser controlada de açúcares e carboidratos refinados, como o pão, macarrão, bolachas e massas em geral. Quanto mais for natural essa comida, melhor será, como os carboidratos complexos. Em nossa região, temos o cará, a macaxeira, a tapioca com tucumã, chia e aveia. Ao consumir frutas, sempre adicionar castanhas, que é uma gordura saudável, e as fibras”, ensina.

Também devem ser evitados os alimentos com açúcares, como doces, mel e o arroz tradicional. “Caso a pessoa não tenha condições de comprar o integral, ela pode adicionar couve ou espinafre no arroz branco para diminuir o índice glicêmico. É importante comer a cada 3 ou 4 horas para não ter hipoglicemia, que é a queda de açúcar no sangue”, orienta a nutricionista.  

 Veja uma lista de orientações para diabéticos, criada pelo educador físico Aderlan Araújo:

Quem possui a doença pode praticar qualquer atividade física, desde que tome alguns cuidados, entre eles:

•Consultar um oftalmologista para ver como anda a saúde dos olhos. Quando praticamos atividades que exigem um pouco de força tendemos a forçar os vasos sanguíneos dos olhos.

•Escolher um horário que não coincida com o pico de ação de medicamentos que baixam a glicose.

•Antes de iniciar a atividade, medir a glicemia.

•Escolher meias e tênis adequados para não causar bolhas nos pés.

•Manter-se hidratado

•Quando terminar a prática do exercício, verificar a glicose novamente para não correr risco de uma hipoglicemia.

https://d.emtempo.com.br/

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