‘Amazonas vive explosão generalizada da violência’, diz Ricardo Nicolau após aumento de 52% de mortes violentas

 

Na contramão do país, o Amazonas também figura entre as maiores taxas de aumento de homicídios de homens jovens, de mulheres e de indígenas.

O deputado estadual Ricardo Nicolau (Solidariedade) afirmou que o Amazonas vive uma escalada sem precedentes da violência, revelada pelo levantamento divulgado nesta semana pela GloboNews em parceria com o Fórum Nacional de Segurança Pública (FBSP). O documento diz que o índice de mortes violentas no estado cresceu 52% em 2021 em comparação com o mesmo período de 2020, tendência de aumento já apontada por outras duas apurações feitas desde 2019.

O parlamentar apresentou, há quatro meses na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), um pedido de intervenção federal na Segurança Pública do Estado após um outro levantamento, do Monitor da Violência, apontar um crescimento ainda maior no número de mortes violentas: 54% em todo o estado. Na contramão do país, o Amazonas também figura entre as maiores taxas de aumento de homicídios de homens jovens, de mulheres e de indígenas.

Ricardo Nicolau disse que os dados mostram que atual governo perdeu o controle da segurança pública e ressaltou que o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips escancarou, para o mundo inteiro, a total incompetência da administração de Wilson Lima no gerenciamento das forças de segurança.

“Nos últimos três anos, o governo gastou quase R$ 6 bilhões na segurança e, mesmo assim, o Amazonas segue na contramão do país com esse aumento de 52% das mortes violentas. É inadmissível que, mesmo com tanto dinheiro, o nosso estado seja destaque negativo na imprensa nacional e, agora, internacional com o caso Dom e Bruno. Em Manaus, a população sofre com os assaltos em ônibus e nas ruas. No interior, indígenas e ribeirinhos convivem com a ação dos garimpeiros e narcotraficantes. É uma explosão generalizada da violência”, enfatizou.

Evolução da violência

O aumento dos casos de violência no Amazonas ocorre ano a ano. O Atlas da Violência, também da FBSP, mostra que vários tipos de crimes estão com tendência de crescimento desde 2019, já no primeiro ano do atual governo.

Todos os estados apresentaram queda da taxa de homicídios, com exceção do Amazonas que, entre 2018 e 2019, apresentou aumento. Também naquele ano, as taxas de homicídios de jovens homens também decaíram entre 2018 e 2019 em todo o Brasil. Apenas o Amazonas, mais uma vez, apresentou alta no índice de um ano para outro, que foi inclusive mais expressivo do que aquele identificado na taxa de homicídios de jovens como um todo.

Ainda de acordo com levantamento do Atlas da Violência, também cresceu no Amazonas o número de mulheres mortas em 2019: o índice foi de 5,7 para cada 100 mil habitantes, perdendo apenas para Roraima e Acre.

A violência também afeta os povos indígenas. Sete estados tiveram taxas de homicídios indígenas maiores do que a taxa indígena nacional (20,4 por 100 mil habitantes) em municípios com terras indígenas e o Amazonas estava entre os líderes em 2019. A taxa de indígenas mortos neste item era de 64 para cada 100 mil habitantes.

Na prática, portanto, três plataformas diferentes apontam o aumento expressivo de casos de violência no estado nos últimos três anos pesquisados.

Policiais desvalorizados

Ricardo Nicolau apontou, ainda, que o Executivo não valoriza a tropa de policiais civis e militares e reafirmou que é preciso usar tecnologia e ações de inteligência para combater a criminalidade.

“Ainda fazem segurança pública como se fazia há cem anos, com zero de tecnologia. Não basta só entregar viatura às vésperas das eleições. Hoje, temos defasagem de policiais nas ruas e a bandidagem sabe disso. Os homens e mulheres que arriscam suas vidas para combater o crime não têm incentivo do Estado. Para conseguir as suas promoções salariais, muitos policiais precisam recorrer à justiça. É preciso investir no policial, em equipamentos que possam ajudar a combater a criminalidade, como as câmeras de reconhecimento facial”, defendeu.

Foto: Marcelo Cadilhe

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