A “dama do tráfico amazonense” no Ministério da Justiça

 

Integrantes da pasta de Flávio Dino participaram de duas audiências com Luciane Barbosa Farias, esposa de Clemilson dos Santos Farias, líder do Comando Vermelho no Amazonas

Integrantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública participaram, no primeiro semestre, de duas audiências com Luciane Barbosa Farias, esposa de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, líder da facção criminosa Comando Vermelho no Amazonas.

 

Segundo o Estadão, Luciane, conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, esteve no prédio da pasta no dia 19 de março, para audiências com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos de Flávio Dino, e em 2 de maio, quando se encontrou com Rafael Velasco Brandani (foto), titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

No Instagram, Luciane disse ter levado a Velasco “denúncias de revistas vexatórias” no sistema prisional amazonense e apresentado um “dossiê” sobre as violações de direitos fundamentais e humanos cometidas nas prisões do estado.

“Em resultado destas reuniões o primeiro passo foi tomado em prol aos familiares visitantes de reclusos onde as revistas vexatórias estão em votação com maioria favorável para ser derrubada!”, escreveu, sem especificar a que votação se referia.

 

 

Luciane Barbosa Faria e Rafael Velasco Brandani. Foto: Reprodução

  

 

Luciane e sua equipe com Elias Vaz. Foto: Reprodução

  

Luciane também se reuniu com a diretora da Ouvidoria Nacional de Serviços Penais (Onasp), Paula Cristina da Silva Godoy, e com Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de Inteligência Penitenciária da Senappen.

Casada há 11 anos com Clemilson, Luciane e o marido foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa. Sentenciada a dez anos de prisão, a “dama do tráfico amazonense” responde em liberdade.

O Ministério Público do Amazonas diz que ela “exercia papel fundamental também na ocultação de valores oriundos do narcotráfico, adquirindo veículos de luxo, imóveis e registrando ‘empresas laranjas’.”

O Ministério da Justiça afirmou ao jornal que a “cidadã mencionada”, referindo-se a Luciane, não foi a requerente das audiências e que era “impossível a detecção” da situação dela, a reunião foi solicitada por uma entidade de advogados.

Eis a nota na íntegra:

“No dia 16 de março, a Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) atendeu solicitação de agenda da ANACRIM (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de várias advogadas.

 

A cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados. A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes.

 

Por não se tratar de assunto da pasta, a ANACRIM, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir reunião na Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

 

A agenda na Senappen e da ANACRIM aconteceu no dia 2 de maio, quando foram apresentadas reivindicações da ANACRIM.

 

Não houve qualquer outro andamento do tema.

 

Sobre atuação do Setor de Inteligência, era impossível a detecção prévia da situação de uma acompanhante, uma vez que a solicitante da audiência era uma entidade de advogados, e não a cidadã mencionada no pedido de nota.

 

Todas as pessoas que entram no MJSP passam por cadastro na recepção e detector de metais.”

Vale lembrar que o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, havia recebido Sayid Marcos Tenório, o extremista anti-Israel que zombou de uma mulher israelense, Naama Levy, sequestrada pelo Hamas. Tenório era assessor do deputado federal Marcio Jerry (PCdoB-MA) e foi demitido após O Antagonista ter publicado matéria sobre seu comentário. Depois, O Globo registrou que ele atuou como lobista de Irã e Hezbollah no Brasil.

Como também mostramos, “é cada vez mais forte o nexo entre crime e terror”. Desde 2019, pelo menos, a conexão entre Hezbollah e Comando Vermelho é investigada.

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