Conselho suspende médico Edson Honorato, acusado de negligência que causou morte de pacientes
Nos dois casos denunciados, os pacientes morreram após a colocação de balões gástricos, procedimento realizado pelo médico Edson Honorato na clínica Endograstro, em Manaus
Em dois meses, dois pacientes morreram por conta de procedimentos realizados pelo médico
Em mais um julgamento para apurar a conduta do médico Edson Ritta Honorato, o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) decidiu, na noite desta segunda-feira (22), novamente afastar o médico de suas funções por 30 dias. Ele é acusado de negligência em procedimentos cirúrgicos que resultaram nas mortes do servidor público Alan Leite Braga e da jornalista Melina Seixas, em 2022.
Na decisão desta segunda-feira, o CRM-AM apurou a conduta do médico no procedimento que teria causado a morte de Alan Braga. Em maio do ano passado, o conselho também decidiu pelo afastamento temporário de Edson por 30 dias ao apurar o caso da morte de Melina Seixas. Na ocasião, a punição causou revolta entre os familiares, que pediram a revisão do caso.
De acordo com o advogado Raul Goes, que acompanha os dois casos, no procedimento que resultou na morte de Alan, o médico foi condenado por violar os artigos 1º, 22 e 87 do Código de Ética Médica. Ao cometer essas infrações, o médico compromete a integridade e dignidade da profissão, desrespeitando princípios éticos.
Além disso, o conselho apontou também violações ao realizar o procedimento sem o consentimento informado do paciente ou representante legal, e ainda a prescrição de tratamento e medicamentos desnecessários e inadequados, que colocaram em risco a saúde do paciente.
“Ele foi condenado pela prática de infrações dos artigos 1º, 22 e 87 do Código de Ética Médica. Entretanto, foi aplicada apenas a pena de suspensão do exercício profissional por 30 dias”, disse Goes.
O advogado afirmou ainda que irá recorrer ao Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília. No caso de Melina, o advogado também tentou revisão do caso, mas, segundo Goes, o CFM manteve a condenação de suspensão por 30 dias apesar do recurso.
Acusação
Nos dois casos denunciados, os pacientes morreram após a colocação de balões gástricos, procedimento realizado pelo médico Edson Honorato na clínica Endograstro, em Manaus. Melina morreu no dia 5 de fevereiro de 2022, após se submeter ao procedimento que, segundo denunciam os familiares, não havia suporte necessário para uma cirurgia segura.
O marido da vítima, Darlan Taveira, conta que acompanhou Melina até a clínica e, enquanto esperava na recepção, percebeu que o procedimento demorava mais do que o informado. Mas, inicialmente, disseram que Melina estava bem e dormindo.
Porém, quase uma hora depois, Darlan viu entrar na clínica socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), momento em que percebeu que havia algo errado. Melina não tinha acordado e havia sofrido uma parada cardiorrespiratória.
Segundo Darlan, a jornalista foi encontrada no chão da sala de procedimento, desacordada, com o corpo roxo, sem qualquer equipamento de emergência para reanimação no local. Ela precisou ser levada às pressas para o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, mas acabou morrendo após sofrer outras paradas cardíacas.
Segunda morte
Dois meses após a morte de Melina, no dia 6 de abril de 2022, outra morte aconteceu após procedimento realizado pelo médico. Desta vez, a vítima foi Alan Braga, que morreu devido a uma série de complicações após colocar o balão gástrico. De acordo com familiares da vítima, o histórico de saúde do idoso foi ignorado pelo médico, e ele começou a passar mal assim que saiu da clínica.
“Ele vomitava muito, nem água conseguia ingerir. No próprio consultório, após o procedimento, ele vomitou um líquido de cor estranha, misturado a sangue, e o médico informou que era normal”, relatou um familiar.
A família conta que dois dias após o procedimento, Alan Braga retornou ao consultório de Edson Ritta determinado a retirar o balão. Na ocasião, o médico havia dito que era para ele aguentar mais um pouco que logo ficaria bem, e o idoso voltou para casa, ainda mais debilitado.
Após piorar muito, Alan foi levado ao HPS 28 de Agosto, onde foi constatado que o estômago do idoso estava perfurado e que ele apresentava um quadro clínico de infecção generalizada. A equipe médica precisou realizar uma cirurgia de emergência para retirar o balão endogástrico, mas o idoso não resistiu e acabou morrendo.
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