Conselho suspende médico Edson Honorato, acusado de negligência que causou morte de pacientes

 

Nos dois casos denunciados, os pacientes morreram após a colocação de balões gástricos, procedimento realizado pelo médico Edson Honorato na clínica Endograstro, em Manaus

23/07/2024 às 08:20.
 

Em dois meses, dois pacientes morreram por conta de procedimentos realizados pelo médico

Em mais um julgamento para apurar a conduta do médico Edson Ritta Honorato, o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) decidiu, na noite desta segunda-feira (22), novamente afastar o médico de suas funções por 30 dias. Ele é acusado de negligência em procedimentos cirúrgicos que resultaram nas mortes do servidor público Alan Leite Braga e da jornalista Melina Seixas, em 2022.

Na decisão desta segunda-feira, o CRM-AM apurou a conduta do médico no procedimento que teria causado a morte de Alan Braga. Em maio do ano passado, o conselho também decidiu pelo afastamento temporário de Edson por 30 dias ao apurar o caso da morte de Melina Seixas. Na ocasião, a punição causou revolta entre os familiares, que pediram a revisão do caso.

De acordo com o advogado Raul Goes, que acompanha os dois casos, no procedimento que resultou na morte de Alan, o médico foi condenado por violar os artigos 1º, 22 e 87 do Código de Ética Médica. Ao cometer essas infrações, o médico compromete a integridade e dignidade da profissão, desrespeitando princípios éticos.

Além disso, o conselho apontou também violações ao realizar o procedimento sem o consentimento informado do paciente ou representante legal, e ainda a prescrição de tratamento e medicamentos desnecessários e inadequados, que colocaram em risco a saúde do paciente.

“Ele foi condenado pela prática de infrações dos artigos 1º, 22 e 87 do Código de Ética Médica. Entretanto, foi aplicada apenas a pena de suspensão do exercício profissional por 30 dias”, disse Goes.

O advogado afirmou ainda que irá recorrer ao Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília. No caso de Melina, o advogado também tentou revisão do caso, mas, segundo Goes, o CFM manteve a condenação de suspensão por 30 dias apesar do recurso.

 Acusação

 Nos dois casos denunciados, os pacientes morreram após a colocação de balões gástricos, procedimento realizado pelo médico Edson Honorato na clínica Endograstro, em Manaus. Melina morreu no dia 5 de fevereiro de 2022, após se submeter ao procedimento que, segundo denunciam os familiares, não havia suporte necessário para uma cirurgia segura.

O marido da vítima, Darlan Taveira, conta que acompanhou Melina até a clínica e, enquanto esperava na recepção, percebeu que o procedimento demorava mais do que o informado. Mas, inicialmente, disseram que Melina estava bem e dormindo.

Porém, quase uma hora depois, Darlan viu entrar na clínica socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), momento em que percebeu que havia algo errado. Melina não tinha acordado e havia sofrido uma parada cardiorrespiratória.
Segundo Darlan, a jornalista foi encontrada no chão da sala de procedimento, desacordada, com o corpo roxo, sem qualquer equipamento de emergência para reanimação no local. Ela precisou ser levada às pressas para o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, mas acabou morrendo após sofrer outras paradas cardíacas.

 Segunda morte

 Dois meses após a morte de Melina, no dia 6 de abril de 2022, outra morte aconteceu após procedimento realizado pelo médico. Desta vez, a vítima foi Alan Braga, que morreu devido a uma série de complicações após colocar o balão gástrico. De acordo com familiares da vítima, o histórico de saúde do idoso foi ignorado pelo médico, e ele começou a passar mal assim que saiu da clínica.

“Ele vomitava muito, nem água conseguia ingerir. No próprio consultório, após o procedimento, ele vomitou um líquido de cor estranha, misturado a sangue, e o médico informou que era normal”, relatou um familiar.

A família conta que dois dias após o procedimento, Alan Braga retornou ao consultório de Edson Ritta determinado a retirar o balão. Na ocasião, o médico havia dito que era para ele aguentar mais um pouco que logo ficaria bem, e o idoso voltou para casa, ainda mais debilitado.

Após piorar muito, Alan foi levado ao HPS 28 de Agosto, onde foi constatado que o estômago do idoso estava perfurado e que ele apresentava um quadro clínico de infecção generalizada. A equipe médica precisou realizar uma cirurgia de emergência para retirar o balão endogástrico, mas o idoso não resistiu e acabou morrendo.

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