Narcoguerrilheiro colombiano solto por juiz desaparece e volta à lista de procurados
Suspeito já havia sido condenado por tráfico e fugiu; magistrado alegou que ele não tinha antecedentes criminais
Atualizado em 15/03/2025 às 16:40
Base do narcoguerrilheiro era de alto risco para os policiais envolvidos na ação (Fotos: Divulgação)
O narcoguerrilheiro colombiano Juan Carlos Urriola, preso no dia 27 de fevereiro com 1.217 quilos de maconha do tipo skank, voltou a ser prioridade na lista de captura dos órgãos de segurança do Amazonas. Há 15 dias, ele foi colocado em liberdade pelo juiz Túlio de Oliveira Dorinho, sob o argumento de que não possuía antecedentes criminais. No entanto, documentos policiais apontam que o estrangeiro já havia sido preso em 2015 com 740 quilos da mesma droga e chegou a ser condenado a seis anos de prisão, mas conseguiu fugir.
Sem endereço fixo, sem profissão definida e sem tornozeleira eletrônica — que deveria ter sido instalada em até 24 horas, conforme determinação judicial, mas nunca foi —, Urriola está desaparecido e a polícia ainda não tem pistas sobre seu paradeiro.
Periculosidade e envolvimento com as FARC
Segundo as investigações da Polícia Civil, quando foi preso em fevereiro deste ano, Urriola gerenciava um acampamento em território brasileiro, ocupado por estrangeiros remanescentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Ele também era responsável pela distribuição de drogas para o Amazonas, Pará e estados do Nordeste. O próprio suspeito afirmou que recebia R$ 200 por dia pelo serviço, totalizando R$ 6.000 mensais.
Denúncias apontam que traficantes estariam utilizando a calha do Rio Negro, nas proximidades dos municípios de Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, para transportar drogas vindas da fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. De acordo com o delegado Mário Paulo, do Departamento de Combate ao Crime Organizado (DRCO), uma equipe policial foi enviada à região e localizou Urriola em um acampamento suspeito. Na abordagem, o criminoso demonstrou nervosismo e afirmou que estava apenas ajudando a carregar o material.
Operação de alto risco e liberação polêmica
A operação que resultou na prisão do colombiano exigiu grande esforço logístico e alto risco para os policiais. Seis agentes tiveram que percorrer quilômetros em meio à floresta, enfrentando chuvas e córregos pedregosos em uma canoa de madeira. Durante a ação, foram apreendidos mais de uma tonelada de drogas e a estrutura montada pelos narcoguerrilheiros foi desarticulada.
Apesar disso, o juiz Túlio de Oliveira Dorinho concedeu liberdade provisória ao suspeito, alegando que ele não possuía antecedentes criminais. O Ministério Público do Amazonas (MPAM), no entanto, foi contra a decisão e apontou que a expressiva quantidade de drogas apreendida indicava um esquema profissional de tráfico. Além disso, argumentou que a falta de residência fixa no Brasil representava risco de fuga.
Após a soltura, Urriola desapareceu, reforçando as preocupações das autoridades. Diante da repercussão do caso, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) afastou o juiz Túlio Dorinho e abriu um procedimento para apurar a decisão, que tramita sob sigilo.
O Ministério Público ingressou com um recurso no TJAM para reverter a decisão e solicitar a prisão preventiva do suspeito. O promotor de Justiça Marcelo Augusto Silva de Almeida foi o responsável pelo pedido, que ainda aguarda julgamento.