Marlene Souza: : “Uma mulher a frente de seu tempo” em Presidente Figueiredo
Marlene Souza: : “Uma mulher a frente de seu tempo” em Presidente Figueiredo
“Aqui não nasceu, mas muito daqui nasceu dela.”
No próximo dia 27 de dezembro às 17:00 horas, a Câmara Municipal de Presidente Figueiredo, estará inaugurando sua sede própria, localizada na Av. Onça Pintada, Bairro Galo da Serra, que levará o nome de Marlene Souza, numa justa homenagem prestada pela Vereadora Patrícia Lopes, a essa grande mulher que aqui não nasceu, mas muito daqui, nasceu dela.
Ao buscarmos saber mais sobre essa mulher, as referências nos levam a descoberta de “Uma Mulher a frente de seu tempo”. Professora, Técnica em Enfermagem, Vereadora, Comerciante, dona de casa mas antes de tudo, uma guerreira do bem que muito lutou pelas pessoas carentes. Tendo cursado magistério e um curso técnico em enfermagem, descobriu ai sua vocação pelas causas sociais.
Nascida em Tapuruquara (Santa Isabel do Rio Negro), filha de um Delegado de Polícia, foi criada na região do Careiro, onde permaneceu até seus quinze anos, mudando-se para a capital acompanhando Cleto Fernandes Soares, o seu agora então marido, com quem teve Maria Suzana de Souza Soares e Sérgio Souza Soares.
Alguns anos após ficar precocemente viúva, casou-se com Josias Vieira Falcão onde iniciou um novo capítulo em sua história de bravura ao lado do marido, trabalhando inicialmente como feirantes e depois de muita luta encararam o desafio de vir morar em um sítio que haviam adquirido às margens da BR 174, região essa que posteriormente veio a ser criado o Município de Presidente Figueiredo. Dessa união com Josias Vieira Falcão, que durou 22 anos, nasceram seis outros filhos Daniel, Danilo, Maurício, Josiano, Israel Lincoln e Janaína Souza Falcão.
Marlene Souza com sua vocação de pioneirismo, vendo que aqui não tinha escola, improvisou em sua própria casa, uma sala onde ministrava aula para os filhos dos agricultores locais. Da mesma forma, usando seus conhecimentos em enfermagem, improvisou uma pequena farmácia neste mesmo local, onde atendia as necessidades básicas em saúde da comunidade, sendo inclusive, a única parteira da região, tendo nascido em suas mãos as primeiras crianças do município, até mesmo os que nasciam nas aldeias pois sempre que a FUNAI solicitava, ela ia prazeirosamente enfrentando todas as dificuldades impulsionada por essa vocação de amor ao próximo. Posteriormente com o apoio do ônibus do FUNRURAL, que a pedido dela, passou a vir periodicamente atender o ainda então vilarejo.
D.Marlene não pode ser unicamente vista como alguém a frente de seu tempo, suas ideias e seu comportamento não eram comuns às mulheres da época. Indiferente ao padrão estético, era uma mulher de luta, forte, guerreira, teimosa. Ao longo de sua vida o que mais se observa era sua teimosia e determinação em levar adiante seus objetivos.
Por conta disso, Marlene Souza foi eleita Vereadora no primeiro pleito local, ocupando um espaço na política em plena ditadura, que era reservado somente aos homens. Seu mandato foi de seis anos, pois assim o era nesse período, ocupando a presidência da casa, fato impensável para uma mulher de então. Sua participação na emancipação do município foi substancial, sendo juntamente com Nunes, Chagas, Roldão e outros, considerados os criadores de Presidente Figueiredo.
D.Marlene foi e é motivo de admiração não só por parte de seus familiares e amigos, mas por todos aqueles que tiveram a oportunidade em ser acolhido por ela para um simples cafezinho como assim relata Paulo Martins, ex prefeito do município e que juntamente com seus familiares , por muitas vezes sentaram à sua mesa, juntamente com Sr. Josias, para prosearem com os anfitriões: “D. Marlene e Sr. Josias por muitas vezes me receberam em sua casa e eles naquela simplicidade toda, me faziam sentir a grandeza do ser humano de bom coração”.
Marlene Souza viveu ainda um terceiro relacionamento com o então Vereador Montenegro dos Santos de 1986 a 2010. Faleceu em 07.03.2010 em Jacy Paraná/RO, 7 anos após ser acometida de um AVC que lhe ocasionou sequelas em sua memória.
Por: Bosco Cordeiro