O lançamento da grife Balanciaga é uma aula-magna sobre criatividade, posicionamento de mercado e leis de consumo

 

 

Tênis destroçado não foi feito para “arrancar dinheiro de rico”, mas posicionar marca

DIVULGAÇÃO

A essa altura, praticamente toda a humanidade sabe da existência de uma marca chamada Balanciaga. Acima de qualquer polêmica sobre o tênis sujo e destroçado vendido por mais de R$ 3 mil (podendo chegar a R$ 10 mil, o modelo cano alto), nos sobra uma constatação: do ponto de vista do marketing, foi uma jogada de gênio.

A genialidade, no caso, pertence a Demna Gvsalia, diretor criativo da centenária grife espanhola (adquirida pela italiana Gucci em 2001). O cara não é fraco não. E faz por merecer estar à frente da empresa cujo criador, Cristobál  Balenciaga (1895-1972), integrou a talentosíssima geração de costureiros que revolucionou a moda no planeta Terra, na primeira metade do século 20.

Por mais irresistível que seja criar memes e destilar ironias sobre a alta costura (e sua clientela abastada), o caso do tênis do tênis “podrera” deveria servir de lição sobre posicionamento de mercado, engrenagens de consumo e criatividade. É muito reducionismo achar que tudo é feito para arrancar dinheiro de gente rica, burra e entediada. Pensar assim é, digamos, coisa de pobre.

Aceitem. A moda (e suas extravagâncias) nem sempre é feita para ser usada no dia a dia – muito menos estar ao alcance dos mortais. Ela é, sobretudo quando levada a sério e conduzida por seus visionários, uma das expressões mais nobres do que entendemos por civilização e cultura. Giorgio Armani, Christian Dior, Yves Saint Laurent, Louis Vuitton e Hubert de Givenchy, entre poucos outros, foram estrelas dessa constelação que literalmente molda tendências de mercado e identidades contemporâneas.

Pode rir do tênis bagaceira vendido a preço de carro usado. Se quiser, considere-se imune à burrice que consome gente endinheirada. No entanto, sempre que fizer isso, saiba, você caiu feito um patinho e está sendo um prestativo divulgador da marca que critica. E, sobretudo, está sendo determinante na consolidação de um conceito, uma visão de mundo, um estilo de vida. Coisa de gênio.

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