Policiais da alta cúpula da Segurança Pública do Amazonas são presos por roubo

 

Um cabo da Polícia Militar, um investigador da Polícia Civil e um auxiliar técnico da SSP/AM estão envolvidos em um esquema que utilizava inclusive veículos e combustível do Estado para a realização de assaltos

O auxiliar técnico da SSP, Mateus Nogueira de Souza (esquerda) e o cabo da PM, Bruno Mateus Santos (direita) são dois dos envolvidos na quadrilha. A Ford Ranger usada nos crimes pertence ao Estado (Fotos: Divulgação)

O cabo da Polícia Militar, Bruno Mateus Santos, o investigador da Polícia Civil, Liniker Holanda e o auxiliar técnico da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP), Mateus Nogueira de Souza, foram presos na tarde de terça-feira (24) pelo crime de roubo a mão armada.

De acordo com as investigações presididas pelo delegado do 29º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Márcio André Campos, no dia do crime os suspeitos utilizaram os veículos pertencentes à SSP e chegaram a trocar as placas para cometer o delito.

A prisão dos suspeitos ocorreu em cumprimento de mandado de prisão temporária expedido pela justiça do Estado. Além da prisão, há ordem judicial de busca e apreensão domiciliar e de aparelho celular com quebra de sigilo de dados telefônicos.

O ASSALTO

De acordo com os autos, o assalto ocorreu no dia 23 de janeiro deste ano, por volta das 16h40, na Avenida Abiurana, bairro Mauazinho. Os suspeitos abordaram o motorista da empresa RCL Transportes, Jorge Santos de Araújo, 59.

Conforme as investigações, a vítima foi abordada pelos suspeitos quando saía da empresa. O trio estava dividido em duas picapes, uma S10 e uma RANGER, ambas de cor branca.

 

Outro veículo do modelo Pick-up, S10 branca, também pertencente ao Estado, foi utilizada nos crimes (Foto: Divulgação)

Outro veículo do modelo Pick-up, S10 branca, também pertencente ao Estado, foi utilizada nos crimes (Foto: Divulgação)

A vítima disse que foi colocada dentro da Ranger, onde foi agredida e ameaçada de morte com arma de fogo e obrigada a entregar a chave do caminhão que acabara de estacionar em frente à referida empresa.

AMEAÇAS

Como não estava mais na posse da chave do caminhão, foi obrigado, sob ameaça de morte, a retornar à empresa e pedir a chave do veículo. Temendo ser morto, o motorista voltou à empresa e pegou a chave do caminhão e saiu com o mesmo, seguindo para o Ramal da Gisele (atrás da Samsung).

No local, o caminhão baú foi aberto e os criminosos verificaram que se tratava de triciclos e não minérios, como imaginavam. A vítima foi deixada após subtraírem R$ 400,00 de sua carteira.

A vítima, apavorada, seguiu com o caminhão para a sua casa e, no dia seguinte, ao chegar à empresa, contou o que tinha acontecido e, junto com o responsável pela empresa, foram ao DIP registrar um Boletim de Ocorrências (BO).

INVESTIGAÇÕES

O delegado Márcio André Vinícios iniciou as investigações e, para sua surpresa, os suspeitos eram policiais usando veículos a combustível do Estado para praticar assaltos.

De acordo com informações do Centro Integrado de Análise de Imagens de Segurança Pública (CERCO INTELIGENTE), os veículos utilizados na prática criminosa tiveram as placas trocadas. A placa verdadeira da S-10 é PHK-4H52 e a falsa é PHX-6010. Já a Ranger, a placa verdadeira é JXI-4F31 e foi colocada a PHR-6S99.

O QUE DIZEM OS ÓRGÃOS

O Departamento de Trânsito do Amazonas (Detran/AM) informou que no dia do ocorrido os veículos estavam sob a responsabilidade da SSP/AM, tratando-se, portanto, de veículos do sistema de segurança pública

Por sua vez , a SSP forneceu a cronologia dos termos de entrega e utilização dos referidos veículos, sendo possível constatar que no dia do fato (23), a viatura S10 estava sob a responsabilidade do investigado Mateus e utilizada no Núcleo Especializado em Operações de Trânsito (Neot), do Detran.

Enquanto a Ranger estava sob a responsabilidade do investigado Everson e utilizada pela Gerência de Transportes da SSP/AM.

Conforme apuração de A CRÍTICA, os três presos integram uma quadrilha formada por policiais especializados em roubo de minério como ouro e cassiterita.  As investigações vão continuar e a prisão dos acusados pode ser transformada em preventiva.

A SSP e a Polícia Civil foram procuradas para falar sobre as prisões, mas responderam que as informações sobre o caso são de responsabilidade da Secretaria de Comunicação do Estado (Secom). 

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