Começou nesta quinta-feira (02/02) a temporada de caça aos lobos na Suécia, autorizada oficialmente pelo governo. A cota estipulada foi de 30 animais, ou seja, cinco famílias inteiras, que poderão ser mortas por caçadores. Autoridades e produtores rurais alegam que é preciso reduzir o número deles para evitar conflitos. O objetivo é eliminar 50% da população da espécie.

Entre 1966 e 1983, os lobos ficaram extintos na Suécia. Atualmente estima-se que sejam 375 indivíduos, todavia, houve uma queda de 20% entre 2022-2023. Organizações de proteção animal, como a Associação dos Carnívoros da Suécia criticaram a liberação da caça pelo governo.

“Caça licenciada para lobos – uma vergonha para a Suécia”, protestou a ONG em suas redes sociais. “Ela coloca a Suécia no mapa como um país que não protege seus recursos naturais ou sua reputação internacional como um modelo de proteção ambiental.”

Segundo a associação, este ano houve um total de 3.855 caçadores registrados, 393 dos quais estrangeiros. “Parece mais um espetáculo sanguinário do que um tratamento responsável de um predador ameaçado.Oito lobos já foram baleados até agora.”

A organização questiona o envolvimento de caçadores de outros países, já que a caça é motivada por argumentos para reduzir possíveis conflitos entre humanos e predadores. “Para esses participantes estrangeiros, dificilmente se trata de problemas locais ou equilíbrio do ecossistema – trata-se de caça de troféus, simples assim, um prazer macabro às custas de um predador já exposto.”

Para a Associação dos Carnívoros da Suécia, ao invés de promover a matança, fazendeiros e produtores poderiam fazer o uso de cercas eletrificadas para evitar a aproximação de lobos.

Ambientalistas alertam ainda que o governo do país escandinavo não está obedecendo leis da União Europeia. De acordo com a Convenção de Berna, não se pode permitir que populações de espécies protegidas caiam abaixo de um nível sustentável. Contudo, há uma pressão generalizada de nações do continente para afrouxar essa regulamentação. Inclusive, a partir de março de 2025, a espécie passará a ser classificada como somente “protegida”, e não mais “estritamente protegida”.

Segundo o International Wolf Center, existem duas espécies de lobos amplamente reconhecidas no mundo, o vermelho e o cinza. No entanto, cientistas suspeitam sobre a existência de outras possíveis subespécies do lobo cinzento. Há também um canídeo pouco conhecido, que vive nas terras altas da Etiópia, chamado Canis simensis, que se acredita ser um parente muito próximo do lobo.

Os lobos são os maiores membros da família canídeos, a mesma a que pertencem os cães de estimação. Há muitas décadas, eles eram os mamíferos terrestres selvagens mais amplamente distribuídos no Hemisfério Norte.

Em 2023 a Suécia também sofreu duras críticas ao liberar a caça de centenas de linces.

*Com informações adicionais do jornal The Guardian